Embora tardia, o 20 de novembro merece uma reflexão. Uma não, na verdade, várias. Mas, de forma modesta, queríamos aportar uma. O Dia Nacional da Consciência Negra, não por acaso na segunda maior nação africana do mundo, não está ainda sequer digerido. Não quero entrar no mérito da falsa questão de falsa consciência, e sim da correlação de forças necessárias para que esta data seja o reflexo do que realmente deveria ser.
Alguns temas são de fundo, e tal e qual o nativismo gaúcho, a negritude brasileira atravessa a estética, resvala na sala de aula, mas não se reflete na expressão de um poder distinto. Reforma curricular, a Cepir, dia de feriado municipal, tudo é válido, mas ainda assim está longe de um projeto de poder. Qual seria o reflexo daquilo almejado? O Quilombo em projeção, uma proposta universalista ma afro-centrada teria de ser traduzida na atual realidade cotidiana, correto?
O debate em torno de um pode negro está há anos luz de distancia da ocupação de postos-secundários por parte de homens e mulheres afro-descendentes. Alguns temas são meio que proibidos no vocabulário político brasileiro. Este é um deles. A reflexão de Camilo Torres no seio da Teologia da Libertação é outro.
Passa ano trás ano e a estrutura de pensamento vai sedimentando a forma de fazer política, misturando-a com a ausência de política pública e compensatória. O 2º de novembro, se o governo central quisesse demarcar a importância do país Brasil africano, ao menos deveria passar a ser feriado nacional.