É uma das máximas da política. Não bastava a mulher de César ser honesta, ela tinha de aparentar ser honesta. Como se fala na anti-política brasileira, ela, a mulher da autoridade, tem de “sinalizar” ser honesta. Caso contrário, os “humores” do mercado podem “oscilar”, retirando divisas, saindo da mesa de bacará e “migrando” para a roleta. Na jogatina financeira, a moeda digital entra e sai, de acordo com as ganas da remuneração de juros. O país da soja também é o país onde os ministérios são loteados e o planejamento estratégico é uma piada de péssimo gosto.
A cada dez anos vivemos sintomas de crise apagão energético. Quando a indústria começa a acelerar, pondo em funcionamento sua capacidade ociosa, vem o fantasma de falta de energia. Sem o vapor não haveria industrialização, assim como o carvão mineral, a devasta do carvão vegetal e o uso dos combustíveis fósseis. A matriz brasileira é hidrelétrica, mas poderia ser mais diversificada, desconcentrando a geração e cortando os subsídios para as multis. Nada disso ocorre, e eis que o presidente metalúrgico, líder sindical que afirmou nunca haver sido de esquerda, consegue a proeza de indicar alguém suspeitíssimo para uma das pastas mais sensíveis do momento. É mais um espetáculo da política às avessas.
Depois da Gautama vem o Lobão (Edison Lobão, senador pelo PMDB/MA) e o Lobinho (Edison Lobão Filho, 1º suplente pelo DEM/MA). Uma velha prática das oligarquias nordestinas, muito sofisticadas atualmente, é a dobradinha. O filho é suplente do pai por legendas em tese antagônicas. Para inglês ver. Alguém em sã consciência imagina Roseana brigando com Sarney pai e Sarney filho? Não. Outro alguém supostamente são das idéias, imagina que as contas de campanha e os fundos de pai e filho, operando na política profissional a partir do território do Maranhão possam ser independentes? Também não.
O estado que ofertou a Balaiada para orgulho da política brasileira tem em seus oligarcas um dos piores exemplos do Brasil. Lobinho vem na esteira do pai, que por sinal, ocupará a cota pelo PMDB, embora ele, Lobão, assim como o Lobinho, tem sua base na UDN com nome de DEM!
Naquilo que interessa, o ministério em si, a balbúrdia impera. 11 ministros e nenhuma autorização para construir em quase 10 anos. Agora, com os ventos à la chinesa da ex-guerrilheira líder da Nomenklatura tupiniquim, a vontade é férrea e o destino é seguir o destino por água e cabos de alta tensão da extinta rodovia Madeira-Mamoré. Ainda bem que não venderam Furnas no reinado de FHC.
Lobão segue o caminho aberto por Delfim Netto rumo ao “centro” da política. Outro Arenista travestido, tal como Stephanes na pasta do agronegócio, a formar a “base aliada” tanto no Parlamento como na Esplanada. Desta comédia pós-moderna, o melhor de tudo é a “posição” da UDN legítima, como nome de DEM. Sua executiva aconselhou a Lobinho a seguir o caminho do Lobo pai, “migrando” de legenda e não associando este escândalo com a ilibada legenda de ACM Neto.