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Uma campanha agressiva e pouco programática


Sem debate estratégico, o perfil dos políticos profissionais entram em disputa por outro mercado de trabalho, tal comoa foto acima.



A campanha eleitoral de 2006 apresenta um panorama de intensa competição e, ao contrário do que seria esperado, bastante “despolitizado”. Provavelmente, teremos uma disputa semelhante a um campeonato, onde algumas equipes têm chance de chegar ao título e outras apenas marcar presença. Na ponta de cima da tabela, estarão dois candidatos. Na zona intermediária, um azarão, correndo por fora, apostando na sua capacidade de não polarizar o pleito. Os demais brigarão para atingirem o índice de 5% garantindo assim os beneplácitos do sistema político brasileiro. Neste artigo vamos nos ater aos candidatos com chance de vitória.

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A disputa direta, como é sabida, será entre o PT de Lula e o PSDB. Dois panoramas variáveis, de acordo com o candidato tucano, são previsíveis e distintos. Caso o governador de São Paulo Geraldo Alckmin seja o presidenciável, teremos uma campanha mais polida, ao menos nas aparências. Embora tenha um rígido controle sobre sua equipe, o herdeiro político de Covas não tem uma comunicação agressiva. Caso concorra, tentará vencer Lula através do discurso da competência, apresentando-se como o candidato natural dos empresários de São Paulo.

José Serra, o prefeito paulistano, tem um perfil oposto ao de Alckmin. O ex-ministro da Saúde de FHC é um homem proativo. Manobra de forma mais ofensiva, preferindo atacar a defender. A julgar por seu passado político, Serra virá com tudo. Como a probabilidade dele ser o candidato da aliança PSDB-PFL é grande, podemos esperar uma campanha dura, com alto volume de denúncias e espionagem política.

O alvo tucano será o presidente e a forma de conduzir seu mandato. Como os números do governo apresentam um desempenho razoável, mesmo considerando o baixo crescimento da economia, seu flanco aberto serão as denúncias de corrupção. Um dos sintomas é o comportamento do ex-presidente Fernando Henrique. Parte para o ataque de Lula e seus aliados, apresentando denúncias e fatos. Caso FHC renuncie ao debate do estilo de governo, é, somente, porque ambos governaram de forma muito semelhante.

Uma experiência inédita irá ocorrer este ano. Lula, seu partido e os aliados do PSB e PC do B, pela primeira vez na história nacional, serão vidraça e não pedra. Na defesa de seu governo, o presidente tem a apresentar alguns resultados pouco superiores aos dois governos de FHC. São números modestos, se comparados com a expectativa popular criada com sua chegada ao poder. Muito inferiores aos que a sociedade brasileira esperava de um mandato popular.

Caso Lula tivesse um potencial adversário à sua esquerda, teria dificuldades maiores para defender sua forma de governar e o poder delegado para aliados de última hora. Como a senadora Heloísa Helena, candidata do PSOL, não têm chances reais de vitória, seus problemas são de outra ordem. O flanco aberto está nas operações suspeitas de mau uso da máquina pública, tendo como carro-chefe as denúncias sobre o suposto Mensalão. Assumindo este preço como o custo da “governabilidade”, o PT perigosamente aproximou-se de inimigos históricos como Antônio Delfim Netto, José Sarney e Renan Calheiros. É certo que Lula sobreviveu ao bombardeio de 2005 e caminha forte rumo ao segundo turno. Resta saber se tamanha incongruência será capaz de assegurar-lhe a reeleição. É este seu calcanhar de Aquiles e todos os operadores políticos do país já o sabem.

Um terceiro candidato irá apresentar-se. Terá de correr por fora como azarão do páreo e seu nome sairá do PMDB. Das duas alternativas, o governador gaúcho Germano Rigotto têm as maiores chances de ser candidato. O ex-líder do governo FHC na Câmara é um peemedebista histórico, ao contrário do ex-secretário de governo fluminense Antônio Mateus, o Garotinho. Este último já fora candidato pelo PSB em 2002, tem um teto eleitoral mediano e é neófito no partido de Orestes Quércia e Pedro Simon. É provável que Rigotto emplaque como candidato do PMDB e faça uma campanha tranqüila. Seu estilo é o de uma comunicação política, sem ataques e muito pouco propositiva. Tentará se apresentar como terceira via, não polarizando com ninguém. Como se sabe, suas chances de chegar ao segundo turno serão poucas, mesmo porque terá como sustentáculo um PMDB fragmentado e a provável oposição direta de Garotinho já no primeiro turno.

Com este panorama, uma conclusão nos parece óbvia. A campanha eleitoral de 2006 será muito agressiva, mas com poucos debates políticos de fundo. Tanto nas grandes questões como no campo de aliados táticos, os governos de FHC e de Lula se assemelham. A não ser na política externa, ambos formas de governar são muito aproximadas. Apenas este dado já retira da campanha o debate estratégico. A disputa será agressiva, recheada de ataques pessoais e denúncias de corrupção.

Mesmo sem a definição dos concorrentes de Lula, a campanha já começou para todos. Tanto na interna partidária como no palanque oficial, os candidatos se apresentam como produtos políticos. Buscam aceitação, visando serem palatáveis para amplos segmentos de mercado. Nenhum dos concorrentes com chances de vitória apresentaram, até agora, programas estratégicos para o Brasil. Caso esta forma de fazer política se confirme, independente de quem ganhe as eleições, o país já saiu perdendo neste pleito.

Artigo originalmente publicado no Caderno de Opinião, jornal O Popular, Goiânia/GO, em 12/02/2006






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