Os episódios envolvendo o deputado federal Clodovil Hernandes (PTC-SP) representam algo mais do que o “folclore” (que nos perdoem os folcloristas) de um estilista televisivo votado mais de meio milhão de brasileiros. Não foi o primeiro pití e nem será o último. Dessa vez, tocou a deputada fluminense Cida Diogo (PT-RJ).A opção sexual do deputado não tem nenhuma relação com seu modo de proceder. Não foram e não são poucos os homens públicos de opção homossexual. Nem tampouco a primeira civilização, Esparta que o diga.
Mas, a confusão entre um homem polêmico que se nega entrar nas reais polêmicas de quem ele é representante reflete um comportamento que não é novidade. A ex-atriz pornô Cicciolina, deputada eleita seguidas vezes pela extrema-direita italiana, aliada de Alessandra Mussolini, neta do Duce, que o diga. No Brasil, tem um significado ainda mais perverso.
Enquanto o teólogo Hatzinger, alçado ao posto de sumo pontífice da Igreja de Roma, amaldiçoa os políticos que votam pelo aborto, o comportamento de corruptos crônicos passa como uma questão de “estilo”. Life style como diziam os gringos (o de cima e não os gringos da Serra), seguidas vezes retratado pelo new journalism e transformado em mercadoria midiática e fetiche de representação. Se assim não fosse, o que faria no Congresso Nacional uma série de tipos “assim”.
Percebam todos a capacidade do eufemismo, “tipos assim” Poderia chegar à uma outra leitura, menos cínica, onde o individualismo metodológico de Hernandes observa que o choque anafilático estético em cima de uma deputada federal de formação médica, este também como reflexo do choque eterno com uma “perua quatrocentona”, é mais contundente do que fazer um real pití para o aumento de 28,5% para senadores e deputados tão produtivos.