Na sexta-feira dia 9 de junho tive a oportunidade de participar em um programa de debates em emissora líder de audiência no jornalismo televisivo. A entrevista, compartida no estúdio por um dos dirigentes nacionais da OAB e ancorada por consagrado jornalista, teve como eixo a violência de massas a partir do episódio do ataque ao Congresso Nacional protagonizado pelo MLST.
Como era de se esperar, o debate girou em torno da ira das classes populares, e sobre as formas do exercício desta violência como reação a opressão e miséria a qual é submetida. Também abordamos o tema dos conflitos no campo brasileiro. Nossa democracia tem a triste marca de um assassinato de trabalhador rural por semana, isso há mais de 20 anos. Expus meu ponto de vista, tanto no plano acadêmico como no posicionamento político, afirmando ser impossível que um movimento popular oriundo desta realidade possa se manifestar de forma “tranqüila” ou “menos agressiva”.
Seguindo este raciocínio, afirmei também ser impunidade o fato de que mega-empresários rurais tranquem as estradas, incendeiem tratores e nada aconteça. Se há impunidade, ela é isonômica, não apenas beneficiando aos setores de movimentos camponeses. Entrando no tema violência da classe patronal, terminei por fazer uma afirmação que diz respeito à entidade dos agro-empresários do Rio Grande do Sul.
Afirmei que a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Farsul, entidade com pessoa jurídica que é representante da classe patronal do setor primário gaúcho, tenha como política armar os fazendeiros e assim reagir às ocupações dos latifúndios do Rio Grande. Retiro assim esta afirmação específica. Isto porque a tenho apenas como inferência e não estou em condições de prová-la judicialmente. Aliás, arrecadar provas e torná-las evidências é obra da Polícia e da Justiça, não dos analistas.
Retiro especificamente esta afirmação. A de que a entidade dotada com CNPJ e que atende pelo nome de Farsul tenha como prática armar os estancieiros e/ou seus empregados de confiança. Falo da pessoa jurídica, entidade coletiva, e não necessariamente do comportamento de indivíduos da classe dos estancieiros.
Assim, cumpro uma proposta de acordo manifestada pelo advogado da entidade, o Dr. Nestor Hein. Ao retirar esta afirmação, reitero e reforço a todas as demais. Não creio que a arena correta para este debate seja um tribunal. Evito assim maiores perdas de tempo, além de não retro-alimentar as vivandeiras da reação, gente esta que vive às custas das patronais.
No mais segue tudo na mesma, sendo que tais contendas podem tomar definição à moda Martín Fierro se preciso for.
Bruno Lima Rocha, cientista político, residente na Vila Setembrina dos Farrapos de Viamão/RS