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ISSN 0033-1983
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Artigos Para jornais, revistas e outras mídias
O congresso do PT e os conservadores
| jornale
A senadora Kátia Abreu, ex-DEM e presidenta da CNA, entusiasta de primeira hora da legenda tampão criada por operadores do quilate de Gilberto Kassab e Guilherme Afif Domingos, foi caracterizada pelos delegados do partido de governo como passível de se construir aliança. Precisa falar mais?
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08 de setembro de 2011, do Recife, Bruno Lima Rocha
Se dentre a ala conservadora da política brasileira houve um grande vitorioso no 4º Congresso Extraordinário do Partido dos Trabalhadores (realizado em Brasília, entre os dias 2 a 4 de setembro), este foi o atual prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Incentivado por antigas raposas da política brasileira, o aliado de Guilherme Afif Domingos e Kátia Abreu executa seu plano de criar um partido tampão, o Partido Social Democrático (o PSD) e abrir uma cunha entre o bloco oposicionista e a ala direita do governo. Trata-se assim, de mais um partido de direita com potencial para compor a base aliada e fortalecer o modelo do presidencialismo de coalizão orçamentária. enviar imprimir Não estou a inventar nada, apenas concluo o óbvio a partir do documento de Resolução Política do PT, página 22, nas últimas duas linhas do penúltimo parágrafo. Eis o texto: “Nossos adversários serão as agremiações que representam o bloco conservador, formado pelo PSDB, pelo DEM e o PPS, com os quais não faremos chapas.”
Sinal dos tempos. O bloco conservador do Brasil, durante o período da Assembléia Nacional Constituinte, autodenominou-se de Centrão. Naquele momento histórico, o Partido dos Trabalhadores recusa-se a assinar a Constituição justamente em função das manobras deste conjunto de forças. Hoje, tempos vindouros, é o PT que denomina seus aliados da direita de Centro. Já a outra direita composta por PSDB, DEM e PPS (que também o são), torna-se o único bloco conservador. Desta forma, a legenda de José Dirceu e Antonio Palocci executa uma pirueta conceitual digna das revisões históricas representadas pelo pior período do stalinismo. O pragmatismo político retroalimenta um conceito errôneo, lavando o discurso.
Tudo começa com a idéia, equivocada por sinal, de “progressista”, como se o desenvolvimento de forças produtivas tivesse alguma relação intrínseca com a socialização de recursos e poder. Não tem. Mas, aberta essa brecha, aí entram todos os que compõem o - de fato, desde um ponto de vista do capitalismo nacional - melhor governo da história deste país. Lá estão os latifundiários (e o louvor da presidenta ao agro-negócio e o modelo exportador), os capitães da indústria (quando até o presidente da FIESP concorre eleitoralmente por um partido “socialista”) e os bancos operando no país (gerando o maior lucro acumulado da história da nação).
Todos estes setores da direita econômica brasileira estão politicamente sobre-representados no governo de Dilma. Aberta a porteira, na base aliada para as eleições municipais de 2014, o PSD será muito bem vindo!
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