Pouca gente se dá conta da relevância, mas o Brasil está dando dois passos importantes na comunicação social e nas telecomunicações. Um foi abordado no domingo, dois de dezembro, através de pronunciamento oficial do presidente Luiz Inácio, de sua Primeira Ministra Dilma Roussef e do representante das grandes redes de comunicação eletrônica sob controle das seis famílias, o chefe do Minicom Hélio Costa.
No caso dos sistemas de mídia, o Capítulo V, Arts. 220-224 prevê a complementaridade dos sistemas de comunicação privado-estatal-público não-estatal. Entende-se que o estatal tem funções de comunicação educativa. Não é o que se avizinha. A escolha de brilhantes profissionais de mídia, com forte trajetória no mercado Rio-São Paulo-Brasília, caracteriza o governo Lula a manter seu padrão de recrutamento.
Franklin Martins, Tereza Cruvinel e Helena Chagas são craques de nosso jornalismo. Contestando ou não, ninguém ocupa cargo de chefia nas organizações Globo sem ter a competência e capacidade asseguradas. Não é disso do que se trata. O problema é de concepção. O conceito de “pública” passa ao largo, termina virando um termo de fantasia, decorando argumentos discursivos do Executivo.
Assim, à frente da EBC, dividindo as funções com Hélio Costa (radiodifusores das 6 a 11 famílias) e Ronaldo Sardenberg (na defesa das transnacionais de telecomunicações), Franklin Martins convoca um conselho de “notáveis” para co-gerir a comunicação estatal. Os nomes, mais do que debatidos, são secundários. O problema é de concepção. A mesma concepção terá como espelho o pioneiro e primo-pobre da mídia eletrônica nacional. Sim, falamos do rádio e da cadeia já surgida com as 8 rádios estatais-federais coligadas em torno da proposta de rede espelho da TV do governo Central.
Perde o país e perdemos todos. Ao conceber a TV do Estado como uma prolongação dos interesses de fundo de quem a promove, os chefes da EBC dão um atestado de vitória para a mídia grandona. Entendo que o PSDB é o maior ganhador do governo Lula, até porque alguns postos-chave são ocupados por gente de confiança tucana, como o herdeiro de Richard Carruthers, banqueiro escocês e defensor dos interesses de sua majestade na primeira metade do Séc.XIX. Sim me refiro ao Sr. Henrique Meirelles, executivo de confiança da Banca. No caso midiático, a concentração de poderes e a relação de VIP-para-VIP refletem o abandono das posições constitucionais.
Detalhe, esses artigos, nunca governo algum jamais respeitou....é a distância entre o direito a comunicação o exercício da semi-legalidade que vivemos.
Nota originalmente publicada no portal do jornalista da Boca do Monte Claudemir Pereira.