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Oito pontos de debate a respeito do dia nacional de luta e greve geral de 11 de julho

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O peso e a massificação dos atos de rua de 11 de julho são fruto das jornadas de protestos do mês anterior.

12 de julho de 2014, Bruno Lima Rocha

 

1 – Temos de reconhecer, antes de nada, a importância da data e da luta. Para qualquer política construída desde abaixo e à esquerda do governo central, a arena principal é a das ruas e daí deve-se partir para conquistas diretas e não cair na armadilha de ficar dividindo o ônus de gerir “responsavelmente” o capitalismo.

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2 – Apesar deste reconhecimento e da vitória pontual nas manifestações, ganhando as propostas mais combativas e não legitimando as centrais mais pelegas (como a Força Sindical e suas derivações) ou mais governistas (como notoriamente é o caso da CUT e CTB), também é preciso reconhecer que esta agenda veio a partir de uma demanda, ou pedido de socorro, do Planalto para seus aliados no andar debaixo.

 

3 – Infelizmente, o triste papel de pára-quedista ou bombeiro da política de massas, é típico destes últimos dez anos, onde os movimentos sociais, as centrais sindicais, o movimento estudantil, de moradores e dezenas de causas específicas, perderam-se, em maior ou menor grau, diante de um governo de “centro”, operador do chamado Consenso de Brasília. Superar a confusão vai levar um bom tempo e se não formarmos no país um bloco político-social de esquerdas não conciliadoras de classe, viveremos em eterno duplo discurso, do tipo “governista, embora crítico”.

 

4 – Não vejo condição alguma de protagonismo por parte das “centrais sindicais”, e justifico por algumas razões. Não existem as “centrais” como  tal e menos ainda unidade entre as mesmas. O protagonismo possível sairia de uma unidade – infelizmente ainda distante - entre as duas Intersindicais e a CSP Conlutas. Construir esta unidade sindical mais à esquerda é fundamental, mas a urgência da unidade já seria um bom passo. Outra razão para este não protagonismo é pelo dilema de Sepé Tiaraju: “não se pode servir a dois senhores!”, assim como é impossível liderar uma luta popular, com pautas que ultrapassem as justas demandas do mundo do trabalho formal, sendo parte e cúmplice do pacto pela tal da governabilidade.

 

5 – Já na primeira metade do mandato inicial de Lula (2003-2006) havia forte expectativa de que a formação da Consulta Popular (instrumento político) resultaria em um bloco de esquerda não-parlamentar, influenciando a interna da Via Campesina, e até mesmo incidindo sobre a mesma. Desta esperança muito se especulou e pouco ou nada foi concretizado. Novamente, a relação dúbia com o governo central alimentada com a louca teoria de “governo em disputa”, sempre polui as possibilidades organizativas. O MST não liderou a Via Campesina e dentro desta o Consulta, o PT não rachou à esquerda e nem a Teologia da Libertação conseguiu levantar-se. Enfim, a unidade por esquerda, ou ao menos a unificação das lutas, não saiu de dentro da “esquerda” governista e agora ressuscita com os protestos de junho 2013.

 

6 – A luta sindical não está chegando a reboque da convocatória das centrais, e sim apesar da burocracia no comando destas estruturas. Rara exceção é o caso das duas Intersindicais e da CSP, que mantiveram o trabalho de base e o nível de luta. É a partir destas lutas e com a pressão das ruas, que as centrais governistas e/ou pelegas estão chegando às ruas. E, como sempre, o fazem de forma tímida, quase envergonhada e com disciplina na própria base, comandando com mão de ferro e distribuindo bonés e camisetas com fartura. Apesar destes absurdos, tivemos um aumento do número de greves e conflitos de trabalhadores no Brasil no último ano, e este fato é inegável. Cabe assim, a dura tarefa de se aproximar dos conflitos realmente existentes e renovar o espírito de luta não conciliador com o agente econômico e se afastando de um governo concentrador de recursos.

 

7 – Estamos em um país onde as 12 maiores empresas, conglomerados e redes de controle que operam com capital aberto na Bovespa são detentoras de mais de 51% dos recursos nacionais (verificar a pesquisa Proprietários do Brasil). Sua principal fonte de financiamento é o BNDES e esta política é o padrão dos últimos dez anos, portanto, do período de Lula e Dilma. Embora a atual presidenta dialogue menos com os movimentos populares e tente impor tanto uma linguagem como uma agenda técnica, isto se comparado com Luiz Inácio, os resultados efetivos são praticamente os mesmos. Dificilmente as centrais sindicais governistas e/ou pelegas vão entrar nesta agenda e pelear contra o destino de recursos privados para os agentes econômicos que lideram o país. Assim, é urgente aproximarmos estes dados das ruas, transformando-os em bandeiras concretas e exigências diante do Poder Executivo.

 

8 – Junho de 2013 nos deixa uma lição e experiência incorporada, pois tivemos: pré-disposição de luta; desconfiança dos meios hegemônicos; subordinação dos partidos políticos específicos (eleitorais e não-eleitorais) diante das vontades dos MPLs ou Blocos de Luta; condições de coordenação para a luta popular; informação abundante e a pauta dos direitos alimentando a luta por conquistas concretas; convocatória que ultrapassa as bases organizadas; exigência imediata dos direitos necessários sem entrar na agenda de governo e negociação com o agente econômico. Todas as vezes que for possível repetir estes passos, teremos chances de vitórias contundentes.

 

 






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