O mundo assiste estupefato a reinvenção da democracia no Haiti. E, a sub-potência regional brasileira, afirma seu projeto para a América Latna e o Caribe, exportando “nossa democracia” para este pedaço de ilha tão sofrida.
Era óbvio o que estava por acontecer. Nenhum projeto nacional se realiza com força externa. Embora óbvio, é uma pena. A democracia contemporânea nasceu para a América no Haiti, isso no fim do século XVIII. Lembramos que foi neste país onde se deu a primeira luta política anti-escravagista. Os EUA por ex., libertaram as 13 colônias e tomaram metade do México, além de “comprarem” a Louisiana e a Florida antes de libertar seus escravos. Para isto, o Estado quase se fraciona, passando por uma guerra civil de quase 5 anos.
O Brasil, “exporta soja e democracia”, só terminou com a escravidão em 1888, e sem guerra civil, ao menos não declarada. É este o regime do Haiti de hoje. Uma guerra civil generalizada, não-declarada, e por vezes escancarada. É literalmente impossível construir uma nação sem o mínimo das pré-condições de manter o país.
E, por mais tortuoso que seja o caminho, não há povo que se liberte por caminhos alheios ao seu próprio. O Haiti é um exemplo vivo e gritante do absurdo de contínuas políticas genocidas e brutalizantes.
O Brasil paga a sua conta, atuando como repressor através dos capacetes azuis e levando à crise e suicídio um general de Exército, profissional mais que respeitado na caserna.
Do jeito que a coisa vai, mais alguns meses e a Globo seguirá em sua onda retrô. Depois do JK, a nova mini-série podera chamar-se Santo Domingos, 65!