O jogo de soma zero é a teoria que expande as possibilidades do capital financeiro ao infinito e reprime os anseios populares sem usar de um regime discricionário. Como modus operandi da dominação funciona bastante bem.

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Na ciência política contemporânea, uma mescla de regime político com modelo econômico costuma ser transmitida como venda casada. Trata-se de um conjunto coerente entre si que tem como premissas ocultas a teoria da “escolha racional”, o neoinstitucionalismo e o individualismo metodológico. Em suma, da colonização dos pressupostos neoliberais, colonizando o saber das infinitas possibilidades da política e maximizando os interesses privados perante as causas coletivas. A lona por cima deste barracão erguido por Milton Friedman e Friedrich Hayek no longínquo ano de 1944.

Sempre é válida a lembrança do primeiro exemplo desta combinação nefasta para a América Latina, em especial para o povo transandino. Em 1975 o Ministério das Finanças do Chile de Pinochet, Contreras, DINA e cia. fizeram um convênio com a Escola de Economia da Universidade de Chicago, sob o controle de Friedman. Daí a expressão macabra dos “Chicago Boys”.

Tecnocratas e ideólogos da afirmativa de que a liberdade de mercado estava acima da liberdade política assumiram a Opção Chilena. Carabineros empunhavam os fuzis da força de repressão interna nos moldes prussianos de Weber e Bismarck, concomitantemente às medidas de governo que desmembravam a economia chilena e as poucas, mas relevantes conquistas arrancadas a unha durante o governo de Allende.

É indissociável a propaganda nazi-fascista exercitada pelo diretor de teatro Joseph Goebbels da forma de exercício da estética da violência do III Reich. O mesmo se pode afirmar quanto à vinculação das teorias que pregam o jogo de soma zero servindo de pano para a teoria política como um ritual minimalista e desvinculada da soberania popular com o ideário neoliberal que teve como marco zero no Continente o Chile de Augusto Pinochet.

Tais conclusões foram ditas em alto e bom som no 13º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordetes (13º CISO), especificamente o GT 04 (Teoria Democrática) e a respectiva Mesa de Teoria Democrática e Movimentos Sociais, com os colegas Gabriel Vitullo (UFRN) e Aragon Dasso (UERGS) à frente. A honestidade intelectual, a franqueza na discrepância aberta e direta e a coragem de formular teoria política com as vísceras foram às maiores virtudes do evento. Conforme sempre supus, basta tirar um pouco do eixo que a roda do moinho segue girando com rumo ao inverso.

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