Enrique Roig San Martin, jornalista cubano, um dos pioneiros editores de El Productor (1888). É uma das milhares de figuras esquecidas que poderia reforçar a batalha simbólica para superar a nova era Raul e sua vontade de convivência pacífica com o modelo sino-confucionista.

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Enrique Roig San Martin, jornalista cubano, um dos pioneiros editores de El Productor (1888). É uma das milhares de figuras esquecidas que poderia reforçar a batalha simbólica para superar a nova era Raul e sua vontade de convivência pacífica com o modelo sino-confucionista.

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Enrique Roig San Martin, jornalista cubano, um dos pioneiros editores de El Productor (1888). É uma das milhares de figuras esquecidas que poderia reforçar a batalha simbólica para superar a nova era Raul e sua vontade de convivência pacífica com o modelo sino-confucionista.

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Com esta Nota encerro o debate em torno da renúncia de Fidel Castro ao exercício do poder direto no Estado cubano. Sigo com a tentativa quase quixotesca de proporcionar um debate crítico por esquerda. Reconheço que é difícil. Também reconheço que por direita é mais simples, porque basta maldizer e está feito.

Afinal, o que implica o afastamento definitivo de Fidel Alejandro Castro Ruz do poder? Talvez a distância aumente o mito, em especial por dentro de Cuba, deveras bombardeada pela gravitação política, econômica e cultural dos EUA. Ou seja, os mitos gerados pelo próprio povo cubano devem operar como contra ponto aos eixos de interdependência estrutural provenientes de Miami.

Há quase onze anos atrás me recordo de um pronunciamento do então cônsul de Cuba no evento chamado Fórum de São Paulo, por ironia realizado em Porto Alegre (1997). Eram tempos brabos de neoliberalismo, ainda com Menem e Fujimori campeando no Continente. No quesito ideologia e profusão de idéias-guia através da filosofia política, os seguidores de Hayek e Friedman ganhavam de lavada por aqui. Nesta correlação de forças desfavorável, o diplomata da ilha afirmou a enorme importância da figura mítica de Ernesto Guevara de La Serna para reforçar o ideário socialista entre os jovens de Cuba. Pois bem, e que tipo de reforço a figura do comandante em chefe pode trazer agora?

As transnacionais européias, em especial as espanholas, já existem e operam em Cuba há muito. A liberdade econômica do empreendimento vai demorar a sair, mas a tolerância para com o capitalismo de sobrevivência não será alterada. E pensar que um dos grandes orgulhos da Cuba pós 1º de janeiro de 1959 fora o fim da prostituição e do turismo sexual! No mundo dos fetiches políticos, alugar um corpo em Varadero torna-se distinto do que fazê-lo no calçadão da Avenida Atlântica, na Avenida Farrapos ou com mais requinte, no Café Photo da locomotiva do país.

A verdade dura e crua é que Cuba pode sobreviver por direita levantando um discurso de esquerda. A bomba relógio chinesa correrá em tempos de tartaruga na terra de José Martí. Se por acaso a oposição liberal cubana puder destronar aos mafiosos gusanos de Miami, poderão acelerar os tempos de liberalidade econômica e talvez política na Ilha. Isto porque data de 1992 e 1993, logo nos primeiros anos de governo Clinton, a recomendação para que o Bloqueio Econômico fosse suspenso e assim invadir o lugar com bens simbólicos e comerciais em abundância. Para a sorte de Raul Castro, a ação visível dos Alpha 66 vai seguir e por muito.

Depois de 40 anos de estalinismo caribeño, resta pouco ou nada da vontade política de mudar o Continente na marra. A única oposição cubana que pode fazer devolver ao país um vento de distributivismo com liberdade política por esquerda está semi-clandestina e muitas vezes trancada em manicômios para disfarçar a condição de presos políticos. O país de José Martí, Camilo Cienfuegos e de los 3 Enriques, dentre outros, merecia destino melhor. A ilha que dera exemplos para um Continente, hoje necessita da arrogância imperial dos EUA para se manter mobilizada. Se um dia o Império for menos imperialista, retirar a Base de Guantánamo e levantar o Bloqueio, como fará o PCC para manter a unidade do povo com o Estado?

A propósito, me recordo que o cônsul cubano neste evento havia dito umas 30 vezes que a CIA intentava matar a Fidel desde 1961. E tinha razão. Em um lance teatral, ele perguntou para a platéia. Gritou em castelhano uma frase e ouviu a resposta na língua de Borges, vinda de um grupo do auditório. Abaixo, reproduzo o diálogo já traduzido para o português:

– Os imperialistas tentam matar a Fidel! E se conseguirem, o que vão fazer depois? Quem vão matar após?

(daí se ouviu um grito seguido de silêncio sepulcral)

– Depois que matarem a Fidel, que matem a Raul. E aí sim, que viva Che e Camilo!

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