No Congresso da Basiléia, em 1869, a ala federalista se expressa de forma contundente. É a manifestação pública da linha da Aliança, influenciando as seções da AIT nos países mais pobres da Europa.  - Foto:
No Congresso da Basiléia, em 1869, a ala federalista se expressa de forma contundente. É a manifestação pública da linha da Aliança, influenciando as seções da AIT nos países mais pobres da Europa.
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Bruno Lima Rocha – novembro de 2008, Grande Porto Alegre

Este debate quer aproximar o anarquismo politicamente organizado do Cone Sul da América Latina com o movimento libertário de Espanha e Europa. É importante ressalvar que não se trata por tanto de um receituário acabado. Esta forma organizativa vem sendo construída passo a passo há 52 anos. Embora emita opinião pessoal – e por isso assino este texto – baseio os conceitos nos acordos já existentes, aprovado em nível federal e compartilhados pelo secretariado conjunto FAU-FAG.

O conceito fundamental da organização política dos anarquistas militantes é o de círculos concêntricos. Este conceito é simples e implica em separar as formas de atuação. O político específico corresponde ao ideológico e é para os anarquistas militantes politicamente organizados na federação. Nossa organização política não é de massas, portanto não tem filiação aberta. Compreendemos que os níveis político-social e social, devem ser massivos e abertos a tod@s os militantes populares. O político-social é para um setor afim, que compartilha um estilo de trabalho, mas não necessariamente ideológico. No caso do Estado Espanhol, entendo que o anarco-sindicalismo hoje praticado pela CGT (Espanha) corresponde a este nível de atuação. Já o nível social propriamente dito é para a classe e o povo como um todo. Corresponderia às instâncias gerais de luta, proporcionando a organização do tecido social-produtivo que é o pilar do Poder Popular.

Com os devidos ajustes, vemos que esse formato não é “novidade”. Já era aplicado durante a 1ª Internacional pelos membros da Aliança. Na segunda metade do século XIX, nossa ideologia era reconhecida em um organismo especificamente anarquista (a Aliança), atuava com força dentro de um setor da AIT (a chamada ala federalista) e a partir desta corrente, peleava duro contra a outra ala, centralista-estatista sob a hegemonia de Marx. Infelizmente a história afirma mais que nada a personalidades e não às organizações onde centenas de lutadores dedicaram toda uma vida. A Aliança tinha a Bakunin como mais um de seus referentes. Esta organização política fazia o elo de força entre a organização de base, a luta operária massiva e participava nas insurreições sociais da época.

Cito a Aliança para lembrar que o círculo específico dos anarquistas militantes é tão antigo quanto à própria ideologia. Convêm ressaltar uma característica do especifismo praticado no Cone Sul em relação a outros modos de organização do anarquismo. Nossas federações são flexíveis na tática, como nas formas de organização da classe. E, inflexíveis naquilo que é estratégico, como no anti-estatismo e na opção de câmbio mediante um processo revolucionário tendo o povo organizado como protagonista.

A aproximação conceitual leva seu tempo e o debate apenas começa. Espero haver proporcionado uma boa introdução ao tema.

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