Mesmo sabendo que os temas da conjuntura política nacional e latino-americana estão a mil, algumas evidências de mediocridade no comportamento de candidaturas são irresistíveis de serem comentadas. Não bastasse o despreparo da maior parte dos candidatos, a classe política gaúcha insiste em manobrar paixões clubísticas para fazerem proselitismos.
É sabida e notória a utilização da mala direta de Grêmio e Internacional por parte de alguns políticos vinculados às oligarquias dos clubes. Especificamente, me refiro aos candidatos a deputado estadual Paulo Odone (PPS) e Luiz Fernando Záchia (PMDB). A base cadastral, dos clubes ainda que usados pelos políticos, é da ordem de 50 mil emails, ou mais. Isto sem falar na campanha direcionada pelo cadastro dos sócio-torcedores das duas agremiações. A analogia que li, comparando a conquista da Libertadores com o Pacto pelo Rio Grande é algo no mínimo risível. Palavras e comparações ainda mais absurdas ouvimos todos e escutamos dos pronunciamentos de Odone na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, especificamente quando da vitória contra o Náutico, em novembro de 2005.
É preciso ser justo. Tamanha baboseira não é exclusividade do futebol, e a manipulação sequer se compara com a praticada pelos pastores de seitas neopentecostais. Tampouco é algo exclusivo de Grêmio e Inter. Um dos maiores latifundiários do Brasil, o candidato a deputado federal pelo PP do RS, Érico Ribeiro, tem uma relação tão promíscua com o Brasil de Pelotas quanto os absurdos narrados acima. Falando em injustiça, a massa do Xavante tem identidade própria que vai muito alem da mesquinharia do sorteio de vacas e pronunciamentos de cartolas no intervalo de jogos importantes.
Já que estamos em fase de investigações político-policiais, chegará o momento que a PF fará a Operação Catolagem, recuperando o relatório reservado da CPI da Nike e do Futebol Brasileiro. As diligências na metade sul terão nomes zoológicos, começando por observar vacas e sanguessugas.
Até quando?