Diego Forlán, craque da celeste, ex-jogador das inferiores do Danúbio que tantos craques trouxe ao mundo, herdeiro incontestável da garra charrua.  - Foto:laspalomastramanlgo.files.wordpress
Diego Forlán, craque da celeste, ex-jogador das inferiores do Danúbio que tantos craques trouxe ao mundo, herdeiro incontestável da garra charrua.
Foto:laspalomastramanlgo.files.wordpress

Região Metropolitana do RS, Dijair Brilhantes e Bruno Lima Rocha

Perder com honra – a mística da celeste ressuscita nos pés de Forlan e Cia.

A seleção uruguaia honrou a alma dos charruas nesta Copa. Após uma heróica vitória sobre Gana nas quartas de finais, a celeste foi para o confronto com os holandeses em busca de mais um feito épico. Infelizmente, para os uruguaios, e acreditamos para todos nós latino-americanos, a seleção holandesa foi mais eficiente e venceu pelo placar apertado de 3×2. Para aqueles que apostavam em uma final entre sudacas, foi uma pena. O Uruguai foi o último deste Continente a dar adeus à competição. O poder econômico parece prevalecer dentro de campo. Antes de adentrarmos por alguma teoria conspiratória (que nunca podem ser descartadas no reino da FIFA!), é possível afirmar serem as estruturas de organização do futebol razoavelmente jogado as mais beneficiadas. Eles têm recursos e dão menos butinada que há alguns anos. Some-se um pouco mais de talento com a disciplina tática e eis a nova hegemonia no futebol. Pela oitava vez na história, segunda consecutiva, duas seleções européias fizeram a final do mundial. Isso demonstra a nós sul-americanos que temos que planejar melhor nosso futebol. A começar pelas dinastias como a Havelange-Teixeira no Brasil e a ditadura de Julio Grondona na Argentina. Vale lembrar, a última vez que ocorreu uma final entre sul-americanos foi há sessenta anos, justamente o Uruguai contra o Brasil em 1950 no chamado maracanazo, sob o comando de El Negro Jefe, capitán Obdulio Varela. Ahora, otra vez más, las villas y barrios gritan con garra, !!!Uruguay Nomás!!!

As verdadeiras seleções “nacionais”

Na outra semi-final Alemanha e Espanha fizeram um grande jogo, vencido pela antiga Fúria (agora chamada de La Roja, a vermelha embora jogue com as cores republicanas) por 1×0, com gol do zagueiro catalão e que atua no Barcelona Carles Puyol. Dos vinte e três jogadores nascidos na parte da Península Ibérica onde se fala oficialmente castelhano, vinte atuam no próprio Estado Espanhol. Já na seleção alemã 100% dos jogadores jogam no próprio país. A contra-partida desta nacionalização tedesca é uma saudável presença de descendentes e naturalizados, como o brasileiro Cacau além de jogadores com ancestrais turcos, africanos e polacos. Esta presença física dos ídolos nos estádios é algo inimaginável no Brasil, portanto quase impossível. No caso da canarinho, vinte dos vinte e três jogadores atuam no exterior, segundo eles não só pelo altos salários , mas também pela organização futebolística, aproveitamento das marcas, condições de vida e a possibilidade de fazer um excelente pé de meia. Em nossa opinião o fato dos jogadores selecionados sempre jogarem diante de sua própria torcida, faz com que haja um maior comprometimento por parte dos boleiros com seus respectivos países. Daí pode advir bons resultados, algo que não ocorre com a seleção brasileira desde 2002.

O surgimento de uma nova campeã, La Fúria Roja venceu com as cores republicanas

Na tarde de 11 de julho de 2010, nasceu um novo campeão do mundo de futebol. A Espanha que tanto lutou por este sonho venceu por 1×0 a Holanda. Do inferno onde se encontra, o generalíssimo Francisco Franco deve estar dando coices de alegria e raiva. Contentes estarão os fascistas espanhóis (embora Franco fosse ele mesmo galego e não castelhano) pela vitória do reino de seu filho de criação, o adolescente nascido em Roma e que jurara as Cortes Espanholas, Juan Carlos I de Borbón. Já os coices de ira do facínora devem estar até agora golpeando quando vira bandeiras de nacionalidades não castelhanas, como a Catalana e a Asturiana, sendo portada por craques do time que jogara com as cores republicanas. Voltando para as quatro linhas, o feito foi conquistado através de muita luta, força, vontade, e organização dentro e fora de campo. Que sirva de lição para os puxa-sacos de plantão, incluindo-se aí as viúvas da ditadura como os Dungas e Cia. Não foi preciso fazer regime militar, discutir com jornalistas por temas de escalação e nem deixar grandes jogadores de fora por indisciplina. No comando, Vicente Del Bosque regendo uma orquestra, deixando o talento aflorar através de um esquema tático com múltiplas variáveis. Trata-se de um grande treinador, valorizando o melhor de seu futebol. Dessa vez a seleção espanhola que tanto foi acusada de tremer nas decisões, provou a todos porque deve ser mantido o apelido de Fúria. A comemoração em campo, com direito a que Puyol y Xavi abrissem uma bandeira da Catalunha e com o avante Villa portando uma manta de seu clube asturiano (de sua cidade de origem) demarcou para os castelhanistas-espanholistas que a batalha dentro de campo não definiu a identidade final de uma república inacabada. Dentro do retângulo gramado, entendemos que o título ficou em ótimas mãos, A partir de agora, vencer em casa passa a ser a obrigação da seleção brasileira. Em 2014 o Brasil o país vai medir forças dentro e fora de campo. Esperamos que não venha a assumir o cargo de treinador mais um protótipo de sargento com crenças estranhas, misturando disciplina com autoritarismo. Vicente del Bosque podia influenciar toda uma geração de treinadores, fazendo história do banco de reservas. Já fora de campo, as finanças de Real Madrid, Atlético de Madrid e Cia. demonstram sua semelhança com os cartolas tupiniquins, dada a generosidade de recursos para gestores com pinta e malandragem de mafiosos. A batalha contra a cartolagem sim nos cabe vencer, tanto os brasileiros dos 27 estados, como os “espanhóis”, sejam estes castelhanos, canários, catalães, asturianos, andaluzes, galegos, bascos e de todas as nacionalidades da Península.

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