João Saldanha, o João Sem Medo, trabalhou em diversas organizações empresariais de comunicação, jamais fez uma linha de tipo chapa branca. Que falta nos faz, que falta para nosso combalido ofício! - Foto:mensagensvirtuais
João Saldanha, o João Sem Medo, trabalhou em diversas organizações empresariais de comunicação, jamais fez uma linha de tipo chapa branca. Que falta nos faz, que falta para nosso combalido ofício!
Foto:mensagensvirtuais

Neste sábado dia 31 de outubro a jornalista Rosane de Oliveira reafirmou o seu velho estilo de “jornalismo político”. Na base da linha chapa branca, ouvindo apenas e tão somente as fontes oficiais, Rosane noticia (ou seria melhor, “notifica”, como porta-voz de mídia oficiosa), o ataque político-policial sofrido pela Federação Anarquista Gaúcha (FAG) na tarde da última 5ª, dia 29 de outubro. O seu texto, telegráfico, compra a versão da Polícia Civil sem sequer procurar entrevistar os indivíduos responsabilizados pela campanha contra a governadora Yeda Crusius (PSDB). Infelizmente, não se trata de novidade nos textos da “colega” Rosane de Oliveira, herdeira de José Barrionuevo na fatídica página 10 do veículo impresso da família Sirotsky.

Para os que julgam que exagero, na seqüência consta a nota “jornalística” da referida colunista e logo em seguida a larga crônica produzida pela FAG na manhã deste mesmo sábado (31 de outubro de 2009). Todas as leitoras e leitores poderão perceber as informações incompletas e a total falta de conceitos analíticos num texto supostamente “político”. Que triste presente para o jornalismo gaúcho de Luigi Rossetti, João Saldanha, Flavio Tavares dentre outros textos brilhantes a serviço do nobre ato de informar, intermediar e interpretar a vida em sociedade. Ao que parece, a dona Rosane de Oliveira produziu um Boletim de Ocorrência (BO) em forma de nota de coluna de "política". Foi-se o tempo em que os trabalhadores da comunicação se opunham as articulações de classe entre o aparelho de Estado, seus patrões e os dirigentes de oligarquias políticas. Aqui na Província do Eucalipto e da Soja Transgênica, ocorre justo o oposto. Além do atentado contra o direito de informação, complementada pelo conflito de análises e opiniões, esta tristeza da Página 10 tem um efeito de longo prazo. Qualquer colega do nobre ofício de Mauro Santayana, Caco Barcellos e Ricardo Noblat (dentre outros que se salvam para a eternidade) sabe que em sala de aula, os jovens estudantes de "jornalismo" têm como modelo o formatão de tipo conglomerado de comunicação. Desse modo, Rosane de Oliveira e outros "jornalistas" como Roberto Marinho e Antônio Marco Pimenta Neves, servem de espelho retorcido para os que vierem abraçar a profissão. Redobram nosso trabalho em sala de aula e nos corredores, obrigam a triplicar o número de horas complementares, para quebrar o formatão do jabá incessante da cabeça dos futuros repórteres. Tem horas que dou graças ao destino que me fez optar pela vida acadêmica e a pós-graduação em politologia. Nessa área, ao menos, não ficamos reféns "desse faz-de-conta que eu não sei o que todo mundo sabe mas eu não posso dizer embora em tese me paguem para informar e analisar". 

Moral desta história AMORAL. Se ela é a "abelha rainha", pobre das operárias da colméias da Província de São Pedro.

Para os que julgam que exagero, por favor, com a generosidade e grandeza intelectual, comparem as versões. Boa leitura, e leiam sentados, porque é de cair da cadeira.

Bruno Lima Rocha, prof. dr. em ciência política (phd. e msc. pela UFRGS); jornalista (MTB 10639, diplomado pela UFRJ e sindicalizado – em dia com as mensalidades!), docente de comunicação social e pesquisador vinculado ao PPGCom da Unisinos; coordenador de formação da Abraço-RS

Leiam abaixo a nota de Rosane de Oliveira na Página 10 do jornal Zero Hora de 31 de outubro de 2009

Apreensão de propaganda

A Polícia Civil apreendeu na sede da Federação Anarquista Gaúcha, na Rua Lopo Gonçalves, em Porto Alegre, material de propaganda contra a governadora Yeda Crusius, entre os quais cartazes com a inscrição “Yeda assassina”, em uma referência à morte do sem-terra Elton Brum da Silva por um soldado da Brigada Militar.

Parte do material havia sido espalhada pelo Estado, o que levou a governadora a acionar a Justiça. Yeda está processando os autores do material por injúria e difamação.

Responsável pela investigação, o delegado André Mocciaro, da 17ª Delegacia de Polícia Civil, acredita que o inquérito deve ser concluído até o final da próxima semana.

Com mandado de busca e apreensão, os policiais recolheram, além do material impresso, a CPU de um computador.

Aqui, o hiperlink para edição eletrônica do mesmo material.

LEIAM ABAIXO O CONTRA-PONTO, conforme mandam os manuais de redação das companhias empreendedoras do ramo indústria cultural produtoras de circulação de bem simbólico estando a notícia e a opinião na forma-mercadoria. Conceito básico de qualquer cadeira do ciclo inicial das faculdades de jornalismo. Mas, sou obrigado a reconhecer que nem sempre foi ou é assim. O próprio Benito Mussolini foi redator-chefe do Avanti, jornal da esquerda do Partido Socialista Italiano, antes de se criar como líder fascista, Il Duce. Novamente rogo, leiam e me digam se exagero no absurdo da nota de dona Rosane de Oliveira. Dessa vez  foi com a FAG, ontem com o MST, antes de ontem com o CPERS e depois de amanhã, com quem será?!

CONTRA PONTO: Nota da organização anarquista a respeito do ataque político-policial que sofreu

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