Júlia Klein é jornalista e doutora em Linguística Aplicada (juliaklek@gmail.com)
Enquanto a polícia de Javier Milei (presidente da Argentina) e Patricia Bullrich (ministra da Segurança) reprime brutalmente as manifestações de aposentados em Buenos Aires, parte da mídia brasileira promove desinformação sobre o que acontece de fato.
Há mais de um ano, aposentados se reúnem em frente ao Congresso da Nação Argentina para protestar contra os cortes promovidos pela gestão autodenominada de “libertária” (ultraliberal). Ao longo das semanas, as marchas ganharam mais adesão e a resposta do governo foi o aumento da violência policial para manter o chamado “protocolo de segurança” de Bullrich, que inclui uso de gás lacrimogênio, balas de borracha, socos, pontapés, empurrões e até a detenção de manifestantes. Ações brutais promovidas covardemente pela força policial de Milei e Pato Bullrich contra pessoas de idade (ou adultos mayores, como se diz em espanhol).
O que a mídia brasileira parece desconsiderar é que todos somos torcedores. Os que protestam em frente ao Congresso às quartas-feiras também o são. Não se trata de barra bravas, muito menos de organizações terroristas, como alguns meios de comunicação classificaram os participantes do ato desta quarta-feira, 12 de março. São simplesmente cidadãos – que também são torcedores – e que cansaram de assistir a truculência e covardia do governo com aqueles a quem deveriam proteger e garantir uma vida digna.
Ao colega jornalista e correspondente de uma grande rede de TV brasileira, vale lembrar que a livre manifestação é garantida por lei. E que em nenhum país do mundo se deveria naturalizar a repressão e violência contra aqueles e aquelas que lutam pelos seus direitos.