As maiores empresas de comunicação dos EUA se alinharam automaticamente com o governo Bush Jr., entusiasticamente apoiando o conjunto de medidas tomado para deflagrar a “Guerra contra o Terror”. Não poderia dar em resultado distinto dos desastres no Afeganistão e Iraque. - Foto:thisisthestoryof.wordpress
As maiores empresas de comunicação dos EUA se alinharam automaticamente com o governo Bush Jr., entusiasticamente apoiando o conjunto de medidas tomado para deflagrar a “Guerra contra o Terror”. Não poderia dar em resultado distinto dos desastres no Afeganistão e Iraque.
Foto:thisisthestoryof.wordpress

15 de setembro de 2011, da Vila Setembrina, Bruno Lima Rocha

Os ataques da rede Al-Qaeda, organizados por um ex-agente de enlace da CIA, o sheik saudita Osama Bin-Laden, acarretaram uma série de tragédias. A maior de todas foi o assassinar de quase três mil inocentes, sem nenhuma relação direta com a presença dos EUA no mundo árabe e islâmico. Outra veio na forma da vigilância contra a dissidência interna, materializada com o Ato Patriótico (Patriot Act, aprovado em outubro de 2001) e a criação do equivalente ao Ministério do Interior (Department of Homeland Security, DHS, criado em novembro de 2002). Mas, o pior dos efeitos para o Ocidente, foi tentar podar as raízes da democracia americana, não a do duopólio de partido quase único, mas sim àquela que bebe na democracia direta e no protagonismo cidadão. Para quem está à esquerda dos keynesianos democratas, a última década foi dura.

A fábrica de consentimento funcionou a pleno vapor. Ao mesmo tempo em que a tragédia do WTC reforçara uma aliança entre a indústria da mídia e Casa Branca, poucas vozes dissidentes assumem o papel histórico do jornalismo e da cultura na defesa de valores vinculados a uma democracia radical. Projetos ousados como Democracy Now!, Counterpunch, Z-magazine, dentre dezenas de outros, praticaram uma luta de tipo David e Golias contra os gigantes das redes de comunicações e telecomunicações operando na única superpotência mundial. Os dias após os atentados marcaram um perfil de uma “mídia de mobilização nacional”, aonde o que menos se viu foi investigação e crítica. Daí para um apoio tácito a guerra do Afeganistão e o encobrir das falsas justificativas para a invasão do Iraque não foi difícil.

Tamanho adesismo, cuja empresa líder era (e é) a Fox News de Rupert Murdoch não poderia dar em boa coisa. E não deu. Do lado corporativo, o acionista majoritário da News Corp se vê num mar de escândalos de espionagem interno dos dois lados do Atlântico. Das bases sociais sob esta influência nefasta, surge uma direita histérica como o Tea Party, bloco político ainda pior do que os neoconservadores da década de ’90. Não admira que Obama governe pouco ou nada, tanto por falha dele ao escolher uma equipe leal às corporações como pela força da pressão dos atingidos pelo pior das fábricas de consentimento. Se a intenção de Bin Laden e seus aliados era reduzir a participação social, vinculando os estadunidenses ao seu governo seqüestrado pelas transnacionais e operadores financeiros, então o líder integrista, mesmo morto, saiu-se vitorioso.

Este texto foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat

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