Rafael Viana da Silva
Anarquismo: um fenômeno individualista?
Hobsbawm, ao sublinhar um suposto “caráter primitivo”[1] da teoria anarquista, chega a conclusões muito curiosas. Diz-nos que o voluntarismo dos militantes anarquistas em sua prática política amparava-se freqüentemente em bases filosóficas irracionalistas (Nietzsche, Sorel, Stirner) e que, não acidentalmente, essas justificativas teóricas foram “logo adaptadas como justificativas teóricas do fascismo”.[2] Os elementos dessa tese incorrem em sérios problemas metodológicos e teóricos.
Primeiramente é correto afirmar que bases filosóficas citadas por Hobsbawm realmente foram lidas por largos setores do anarquismo. Apesar dos três autores citados não serem anarquistas, as obras de Stirner, Nietzsche e Sorel circularam na imprensa operária e anarquista das primeiras décadas do século XX.[3] É possível, no entanto, relativizarmos o excessivo peso dado a eles por Hobsbawm, que os considera equivocadamente as “bases filosóficas” do anarquismo, pois, como nos alertam os recentes estudos[4], “a luta contra o individualismo extremo foi uma parte essencial do projeto anarquista”[5] e, portanto, o individualismo – ou um liberalismo extremado, como deixa entender Hobsbawm – não constitui um dos fundamentos do anarquismo.
As generalizações em nível metodológico sempre se prestam ao empobrecimento histórico. Se os anarquistas leram Nietzsche e Stirner, leram muito mais Bakunin[6], Kropotkin e Malatesta; estes autores, contrariando a análise de Hobsbawm, propunham a atuação dos anarquistas em suas entidades de classe, buscando fazer delas seu vetor social.[7] A análise das práticas anarquistas ao longo de diferentes contextos históricos revela um quadro completamente distinto do “liberalismo extremado” caricaturado por Hobwbawm.
Os anarquistas, em sua grande maioria, atuaram diretamente na constituição do que hoje compreendemos como sindicalismo de intenção revolucionária. Isso nos leva a uma questão metodológica relevante no estudo histórico das práticas políticas anarquistas, que Hobsbawm não explora adequadamente e que comentaremos rapidamente. Primeiro é preciso dizer que julgamos precipitado dar um peso excessivo a autores que não tiveram tamanha importância na prática política dos militantes ao longo de sua trajetória histórica. Não podemos compreender o anarquismo apenas pelas suas obras (os chamados clássicos); é preciso analisar suas práticas ao longo da história.
Segundo, outro erro oposto – o que chamamos de outro extremo da moeda – é o de ignorar completamente as obras lidas pelos anarquistas, procurando compreender apenas suas estratégias e práticas, sem compreender que essas práticas estão profundamente conectadas com uma linguagem política normativa construídas no contato com sua literatura militante.
Como o estudo de qualquer categoria política (tal como o anarquismo) remete necessariamente ao ambiente em que estas operam, é necessário superar a “história do pensamento político abstrato desenvolvido sem relação com o contexto”.[8] Uma maneira de compreendermos este contexto não é reduzir os textos, uma corrente política específica ou suas obras[9] a “simples produtos ideológicos, derivados das circunstâncias e por ela determinadas”[10], como o faz tradicionalmente a análise marxista sobre o anarquismo e por conseguinte Hobsbawm. Tampouco devemos proceder a uma análise baseada na “ereção do texto em objeto fechado e auto-suficiente”[11], o outro extremo “pós-moderno” de tratamento do anarquismo, em nossa opinião, metodologicamente problemático. Como saída para essas oposições, optamos pela adoção de uma análise êmica.[12] Nessa análise, a biblioteca não é apenas um recurso que o historiador social emprega para o estudo pessoal – um recurso que fica fora do campo analisado. Ela se torna um elemento constitutivo da análise social, juntamente com estratégias, objetos, escolhas, etc. Essa análise possibilita que compreendamos as estratégias políticas dos anarquistas e sua influência na classe, assim como a relação dessas estratégias com seus teóricos: as obras anarquistas. Infelizmente, Hobsbawm não toma satisfatoriamente nem um caminho nem outro.
Apesar de reconhecer a influência anarquista em determinados movimentos de massa, Hobsbawm insiste na tese que reduz consideravelmente a prática política anarquista às estratégias individualistas. Esse equívoco não reside apenas no sobrepeso dado pelo historiador britânico à importância dos autores individualistas lidos pelos anarquistas, mas também na concepção que ele próprio possui de anarquismo, amparada numa tradicional História das Idéias.[13]
Essa concepção tende a reduzir a ideologia política anarquista ao denominador comum da negação do Estado. Este denominador, costumeiramente utilizado como um parâmetro de delimitação da ideologia anarquista[14], ignora outros elementos de sua tradição constituídos historicamente pela atuação de seus militantes. Portanto, não é um critério seguro[15] para compreendermos o anarquismo. Por isso, preferimos a posição que compreende que o termo anarquismo “poderia ser utilizado para uma forma particular racional e revolucionária de socialismo libertário que emerge na segunda metade do século XIX”.[16] O anarquismo se levantou contra a “hierarquia social e econômica, assim como a iniqüidade – e especificamente, o capitalismo, o latifúndio e o Estado – e em favor de uma luta de classes internacional e uma revolução de baixo para acima realizada por trabalhadores e camponeses auto-organizados com o objetivo de criar uma ordem social sem Estado, socialista e autogerida”.[17] Nesse sentido, pode-se rejeitar a tese que crê que “qualquer filosofia ou movimento que é hostil ao Estado, ou em favor da liberdade individual, possa ser caracterizado como anarquista”[18], assim como, compreender que a simples autoidentificação não é um parâmetro adequado para caracterizar alguém como anarquista. O anarquismo deve ser compreendido como a “ala libertária do socialismo”[19] e, portanto, profundamente conectado com as estratégias políticas que possuem como objetivo finalista a revolução social.
Outro aspecto a ser levado em conta diz respeito às habituais divisões das correntes anarquistas, as quais devem ser desconstruídas. As tipologias que dividem os anarquistas entre anarco-comunistas, anarco-sindicalistas e anarco-pacifistas, como o fazem Bóris Fausto ou George Woodcock, por exemplo. Essas divisões, em muitos momentos se sobrepõem e acabam amputando parte da experiência da classe e do movimento anarquista em detrimento de modelos sociológicos previamente determinados. Essas tipologias dividem os anarquistas como identidades políticas perfeitamente separadas (essencialistas), e não por suas estratégias, o que obliterou em grande parte a compreensão do referido objeto histórico, dificultando a compreensão do “fazer” cotidiano dos anarquistas, no interior da classe.
Outro equívoco é opor anarco-comunismo ao anarco-sindicalismo. A maioria dos anarco-sindicalistas explicitamente define como objetivo uma sociedade comunista; os anarco-sindicalistas russos declaram a necessidade da “realização completa do ideal anarco-comunista” sobre a distribuição de acordo com as necessidades. A Federação Operária Regional Argentina (FORA), formada em 1901 e hegemonizada pelos anarquistas em 1904, declara que defende os “princípios filosóficos e econômicos do anarco-comunismo”. A Federação Anarquista Comunista da Bulgária (FAKB), que foi formada em 1919, trabalha intimamente com a Confederação Nacional do Trabalho, anarco-sindicalista. A Confederação Nacional do Trabalho (CNT) espanhola declara-se claramente comunista anárquica depois de 1919. Mesmo os chamados “anarquistas puros”, como Hatta anarquista japonês, encontraram seu suporte na Federação Nacional Libertária de Uniões do Trabalho (usualmente abreviada como Zenkoku Jiren).[20]
Tendo em vista a longa duração no tratamento de nosso objeto, a principal divisão no interior do anarquismo foi orientada fundamentalmente em torno de duas estratégias: a de massas e a insurrecionalista.
A primeira estratégia foi hegemônica na história do anarquismo, desde a Primeira Internacional; ela fundamenta-se na concepção de que “apenas movimentos de massas podem criar uma mudança revolucionária na sociedade, e que tais movimentos são tipicamente construídos ao longo das lutas em torno de questões imediatas e reformas”.[21] Esta estratégia recorreu largamente a um fundo ideológico que propunha a intervenção no nível de massas, buscando fazer dos sindicatos seu vetor social. Para justificarem e “municiarem” suas intervenções políticas, os aderentes dessa estratégia utilizaram largamente os autores anarquistas que defendiam a atuação nos movimentos sociais da classe trabalhadora (Bakunin, Kropotkin, Malatesta, etc.), que sempre reiteraram em seus escritos “o caráter socialista do anarquismo”. Como resultado histórico, essa estratégia fortaleceu e construiu o que hoje conhecemos como sindicalismo de intenção revolucionária, a ponto de, em alguns momentos, o anarquismo se confundir com ele.[22]
A segunda estratégia, insurrecionalista, “reivindica que reformas são ilusões, que os movimentos como sindicatos são baluartes dispostos ou inconscientes da ordem existente, e que organizações formais são autoritárias”.[23] Esta estratégia, historicamente minoritária no movimento anarquista, reduziu-se às atuações em pequenos círculos e de grupos anarquistas que propunham a “propaganda pelo fato”, com o uso de bombas e atentados, limitando-se, praticamente, ao contexto do final do século XIX[24] na Europa.
Ambas as estratégias advogam o uso da violência nos processos revolucionários; entretanto, o que as difere é o momento, a forma e a organização desta violência, num contexto de transformação radical da sociedade. Segundo Schmidt:
“O que distingue o anarquismo insurrecionalista do anarquismo de massas não é necessariamente a violência como tal, mas seu lugar em sua estratégia: para o anarquismo insurrecionalista, a propaganda pelo fato, levada a cabo por anarquistas conscientes, é vista como meio de gerar um movimento de massas; para maior parte do anarquismo de massas, a violência opera como um meio de autodefesa de um movimento de massas já existente.” SCHMIDT, Michael. Cartography of Revolutionary Anarchism. Oakland: AK Press, no prelo, tradução nossa.
A aplicação dessas estratégias pode ser analisada histórica e teoricamente numa perspectiva de longo prazo, verificando suas continuidades e permanências.[25] As questões estratégicas que constituem as bases das definições dessas correntes podem ser encontradas no anarquismo globalmente, de seu surgimento ao presente.
Michael Schmidt e Lucien Van der Walt resumem momentos-chaves do anarquismo que nos ajudam a elucidar a análise de Hobsbawm, a partir de um elemento fundamental e constituinte da tradição anarquista: o sindicalismo de intenção revolucionária. Avaliando a aplicação da análise segundo esse aporte teórico, é impossível minimizar a influência dessa estratégia de massas no interior do anarquismo ou dar um peso demasiado aos teóricos individualistas, em sua maioria exógenos ou periféricos a essa tradição; ao mesmo tempo, é impossível, ou claramente constrangedor, minimizar o papel dos anarquistas no sindicalismo de intenção revolucionária.
Reconhecemos, assim, a ligação estreita do anarquismo e o movimento operário na constituição do sindicalismo de intenção revolucionária e na formação de consciência de classe dos trabalhadores em distintos períodos. Contrariando a visão de que o anarquismo nunca foi algo mais do que uma “atração minoritária”, ou o “primo pobre de outras tradições de esquerda”[26], é possível, baseando-nos em pesquisas recentes, pela perspectiva da História Social, argumentar coerentemente que o anarquismo de massas e sua estratégia fundamental, o sindicalismo de intenção revolucionária, emergiram em diferentes regiões, “notadamente partes da Europa, da América, e Leste da Ásia”.[27] Seria o anarquismo, ainda assim, um fenômeno pré-político? Verificaremos isso a seguir.
Notas da parte 3:
1. HOBSBAWM, 1985, p. 94.
2. Idem.
3. Assim como eram lidos Darwin e Spencer.
4. Nos referimos a VAN DER WALT, SCHMIDT, 2009.
5. VAN DER WALT, SCHMIDT, 2009, p. 47.
6. Segundo Gaston Leval “Sorel não teve meia dúzia de leitores entre os militantes da C.G.T., enquanto Kropotkin teve milhares – todo esse sindicalismo deriva de Bakunin e foi extraído das séries de artigos de L’Égalité e de Le Progrès que, alguns meses após sua aparição, tornava-se um dos principais propagadores da doutrina bakuniniana; também extraído de Protestation de l’Aliance que, esta, por si só, diz tanto quanto disse Sorel em toda a sua obra, nas Três Conferências Feitas aos Operários do Vale de Saint-Imier e na resolução de pensamento ou de estilo bakuniniana, do Congresso de Saint-Imier. Esses escritos, cujo conjunto é copioso e nos quais encontramos, segundo o hábito de Bakunin, dissertações relativas a assuntos conexos, foram reproduzidos em Mémoire de la Féderátion Jurassiene que antes de 1914, encontrávamos reunido, em um espesso volume, em numerosas bibliotecas sindicais da C.G.T. francesa.” LEVAL, Gaston. Bakunin, Fundador do Sindicalismo Revolucionário. São Paulo: Imaginário/Faísca, 2007, p. 42.
7. Sobre o conceito de vetor social. Cf. SAMIS, Alexandre. “Pavilhão Negro sobre Pátria Oliva: sindicalismo e anarquismo no Brasil” In COLOMBO, Eduardo; et AL. História do Movimento Operário Revolucionário. Tradução de Plínio Coelho. 1ª ed., São Paulo, Imaginário, 2004.
8. CLARK, Stuart. Pensando com os Demônios. São Paulo: Edusp, 2006, p. 687.
9. Sobre isso, Bourdieu nos alerta que, esta tendência “frequentemente representada por pessoas que se filiam ao marxismo, quer relacionar o texto ao contexto e propõe-se a interpretar as obras colocando-as em relação com o mundo social ou o mundo econômico.” BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004, p. 19. Deste modo uma obra (ou ideologia) como o anarquismo só tem significado quando reduzida ao contexto em que foi gestada. Deste modo, Proudhon, acaba sendo facilmente associado a um mundo “pré-industrial”. Sua obra é enquadrada convenientemente nos limites do contexto.
10. ROSANVALLON, Pierre. Por uma História Conceitual do Político (nota de trabalho). Tradução de Paulo Martinez Universidade de São Paulo. NÚCLEO DE SÃO PAULO. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 15, n0 30, 1995, p. 12.
11. Sobre isso, Cf. BOURDIEU, 2004, p. 19.
12. Sobre esta abordagem, Cf. CERUTTI, Simona. Microhistyory: social relations versus cultural models. In: CASTRÉN, Anna-Maija; LONKILA, Markku; PELTONEN, Matti (Eds). Between sociology and history. Helsinki: SKS/Finnish Literature Society, 2004.
13. Esse é o caso de George Woodcock que, mantendo a caricatura individualista sobre o anarquismo, trata Proudhon como um “individualista” social.
14. Como o faz Eltzbacher (2004) apud CORRÊA, 2012, p. 40: “Os ensinamentos anarquistas têm em comum apenas uma coisa: eles negam o Estado no futuro”. Roderick Edward afirma que “o laço que une todos os anarquistas” é “o antagonismo a qualquer situação regulada pela imposição, pela obrigação ou pela opressão”, um aspecto que constituiria, para ele, o fundamento do antiestatismo anarquista KEDWARD, 1971 apud CORRÊA, 2012, pp. 5-6. Corinne Jacker (1968) sustenta que “outro termo para anarquismo é antiestatismo” JACKER Apud CORRÊA, Ibidem.
15. Cf. SILVA, Rafael Viana da. “Anarquismo Contra o Anarquismo”. In: Anarkismo.net, 2011b. Disponível em
16. SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 71, tradução nossa.
17. Idem.
18. Idem.
19. Ibid, p. 14.
20. SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 127, tradução nossa.
21. SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 20, tradução nossa.
22. O investimento dos anarquistas nessa estratégia de massas chegou, em alguns momentos, a confundir anarquismo e sindicalismo. Tal discussão, já clássica, foi abordada em parte das discussões do Congresso de Amsterdã, particularmente nos argumentos dos anarquistas Errico Malatesta e Pierre Monatte em sua discussão sobre as diferenças entre os fins e os meios do anarquismo. Monatte defendia que os fins do sindicalismo eram os mesmos do anarquismo e Malatesta argumentava que o sindicalismo só poderia ser o meio, mas não o fim. Em alguns países, os anarquistas orientaram-se primordialmente para a constituição e a participação de sindicatos revolucionários, ignorando a formação de organizações específicas anarquistas; em outros países, a estratégia de massas articulou-se com grupos/organizações específicos/as anarquistas, que atuavam de maneira mais ou menos organizada dentro das entidades de classe, realizando não apenas a “propaganda”, mas fazendo um trabalho organizativo em seu seio. Essa diferença de “sintonia fina” na estratégia de massas anarquista ocasionou problemas nas próprias análises históricas, que costumam ter dificuldades em observar nela as práticas políticas anarquistas, chegando ao extremo de dissociar uma coisa da outra. O “excesso” de sindicalismo dos anarquistas em determinados contextos fez com que alguns estudos dissociassem o sindicalismo revolucionário (estratégia anarquista para os sindicatos, mas operacionalizada pelo conjunto da classe organizada) do anarquismo, ou chegassem ao limite de considerarem o sindicalismo revolucionário uma amálgama de socialismo e sindicalismo, tese esta que não se sustenta factualmente. Sobre a influência anarquista no sindicalismo revolucionário, Cf. SAMIS, 2008. Para uma crítica da dissociação do anarquismo e sindicalismo revolucionário, Cf. CORRÊA, Felipe. Ideologia e Estratégia: Anarquismo, Movimentos Sociais e Poder Popular. São Paulo: Faísca, 2011.
23. SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 20, tradução nossa.
24. E ainda assim é oportuno dizer que a estratégia insurrecionalista conviveu com a estratégia de massas neste período. Jamais foi hegemônica no próprio anarquismo.
25. Uma iniciativa neste sentido foi realizada por Felipe Corrêa. Cf. CORRÊA, Felipe. Rediscutindo o anarquismo: uma abordagem teórica. Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Bettine de Almeida. São Paulo, 2012. Dissertação (Mestrado em Ciências). Programa de Mudança Social e Participação Política, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo, 2012.
26. SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 09, tradução nossa.
27. Idem, tradução nossa.
Bibliografia ao final da quinta parte