É tema recorrente na profissão de jornalista o debate a respeito do protagonismo do fato. Ou seja, quem deve aparecer mais, o repórter ou a notícia? Em termos contemporâneos, a discussão se dá entre a história e o narrador. Particularmente, considero absurdo o fato de que os narradores sejam mais relevantes do que o enredo. E, mais absurdo ainda, que a cultura da modéstia e semi-anonimato seja substituída pelo mito do luxo e das celebridades.
No entramado do mundo e submundo de Brasília, desde o governo Collor que duas ou três novas gerações de profissionais de comunicação pululam entre os corredores, palácios, gabinetes e ministérios. Mônica Veloso, segundo os que a conheceram, é apenas mais uma bela mulher, que circulou entre gente com parcelas do poder político do Brasil. E, de quebra, outra linda leitora de tele-prompter, apresentando o Bom Dia DF quando ainda era estagiária da UniCeub.
Ao que parece, esta mãe de dois filhos que arrebatou as emoções do equilibrista político Renan Calheiros, era freqüentadora de altas rodas. No quesito privacidade, ao brasileiro médio pouco importa quem dormiu com quem, e isto é positivo. Mas, o fetiche da autoridade pelas profissionais de mídia não é de hoje. Parte desse culto é de responsabilidade direta dos capitães da indústria, seja na Província de São Pedro,
Jornalismo de autor, ou gringamente denominado new journalism , é diferente de jornalismo de celebridade. Para os de pouca memória, o fetiche começara já nos galanteios e no futuro matrimônio da jovem repórter e fotógrafa Jacqueline Bouvier com o então senador J.F. Kennedy. Hoje, o padrão estético impera no critério de seleção. Na proporção inversa, a mídia se funde e a investigação e ousadia dão lugar a um comportamento clean.
Na atual conjuntura, Mônica Veloso é apenas mais um exemplo, mau e belo exemplo de intromissão da vida privada nos negócios pouco republicanos que comem R$ 40 bilhões do orçamento do governo da nação ano a ano.
Nota originalmente publicada no portal de Claudemir Pereira