Bruno Lima Rocha
4ª, 25 de junho de 2008, Vila Setembrina dos Farrapos caídos no Seival, Continente de São Sepé e Languiru, Liga Federal de los lanceros de Artigas y Guacuray
O Morro da Providência é um território onde o Estado entra à força. É uma entre as mais de seiscentas favelas do município do Rio de Janeiro. Por ser palco de obras do Ministério das Cidades, um convênio assinado entre esta pasta e a Defesa, pôs tropas do Exército Brasileiro (EB) a patrulhar a área. A relação tensa culminou em desastre institucional pela quebra de hierarquia do tenente que desobedeceu ao oficial superior. O assassinato dos jovens cariocas David Wilson Florêncio da Silva, Wellington Gonzaga Costa e Marcos Paulo da Silva, moradores da comunidade, tem significados que ultrapassam a barbaridade do crime
O ministro Nelson Jobim enquadrara o Comando Militar do Leste (CML) designando a missão de aplicar os recursos do Batalhão Escola de Engenharia na obra de uma comunidade favelizada. As experiências de aplicação de tropas do Exército para o controle urbano são sempre controversas. É a típica ação de governo que não acumula. Se a operação vai bem, o Exército desmoraliza a polícia militar. Sim, porque só há ocupação federal quando a força estadual não obtém resultado. E, se o EB vai mal, é a força terrestre que sai desmoralizada. Percebam o contra senso. Durante a ditadura, os generais preservaram o grosso das forças armadas deixando a repressão política para órgãos especializados e destacamentos. Agora, em plena democracia liberal, suas organizações militares se expõem a esse ponto.
É evidente o uso de máquina pública federal para fins eleitorais, e a decisão do TRE/RJ embargando a obra do projeto “Cimento Social” vai nesse sentido e me parece incontestável. Incompreensível é o “cálculo” do governo Lula e o alto custo pago pela aliança com o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Os “estrategistas” do Planalto não permitem a abertura dos arquivos da ditadura. Em “compensação”, expõem o Exército Brasileiro ao emprego eleitoreiro da tropa. Que bela estratégia!
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat