Bruno Lima Rocha
4ª, 20 de agosto de 2008, Vila Setembrina dos Farrapos traídos
Começa a campanha eleitoral gratuita no rádio e televisão e talvez a corrida esquente. Nas capitais e em cidades pólo do interior ao menos os eleitores ficarão sabendo o nome dos candidatos majoritários. Já nas centenas de cidades metropolitanas brasileiras, o problema é de fundo e parece não ter solução. Ainda que sejam grandes colegiados, estes lugares não contam com a campanha eleitoral da mídia eletrônica. Em uma sociedade midiatizada como a nossa, isso é problema na certa.
No quesito comportamento eleitoral, os pleitos municipais podem ser considerados o “fim da várzea”. Se aplicados, os clássicos estudos de cultura política apontariam a prevalência da mentalidade paroquiana. Ou seja, o conjunto de valores, normas e regras (formais e informais) privilegiam o curto prazo, as relações pessoais, os interesses imediatos e a ausência de visão cívica de longo prazo, tanto de eleitores como de possíveis eleitos. Considerando isto, como alterar a realidade sem a campanha eleitoral gratuita?
Por piores que sejam os programas, toda e qualquer forma pública é melhor do que a difusão privada. É certo que a desinformação estrutural que sofre o brasileiro médio faz com que candidatos repitam frases óbvias pouco variando o repertório. Também é correto afirmar que na maioria das vezes a estética supera o conteúdo programático. Mesmo assim, uma campanha que universaliza o acesso dos candidatos a eleitores é a menos injusta.
Eis o problema sem fim. Como tornar público o debate político se nos municípios mais populosos, grudados nas capitais, com problemas estruturais e de auto-estima de seus moradores, não existe campanha eleitoral gratuita no rádio e TV? Agora já não há o que fazer a não ser aprender com os erros. Considero corretas as limitações impostas pelo TSE para evitar o abuso econômico. A mesma lei deveria exigir que todos os meios de comunicação eletrônica dessem difusão para o debate público nos municípios. Enquanto isso não ocorrer, ficaremos à mercê das relações de clientela. Na ausência de informação resta apenas mais do mesmo.
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat