O ex-ouvidor geral da Secretaria de Segurança Pública aderiu ao tucanato do pago no meio da crise política de junho de 2008 e depois de exonerado caiu atirando fora do alvo - Foto:wiki
O ex-ouvidor geral da Secretaria de Segurança Pública aderiu ao tucanato do pago no meio da crise política de junho de 2008 e depois de exonerado caiu atirando fora do alvo
Foto:wiki

Bruno Lima Rocha, 18 de março 2009, Vila Setembrina

A espiral de choques políticos transformados em fatos midiáticos não pára no Rio Grande do Sul. Dessa vez a denúncia veio de Adão Paiani, ex-ouvidor geral da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Este advogado criminalista, com origem no PDT e afiliado ao PSDB em plena crise da CPI do Detran-RS (junho de 2008), foi ouvidor-geral da Segurança de março de 2007 até o dia dez deste corrente mês. Não pediu demissão, foi exonerado e o cargo extinto, fundido na Ouvidoria-Geral do estado. Ao cair atirando, denunciou que o uso de escutas telefônicas múltiplas e simultâneas (Sistema Guardião), com sede física no edifício da SSP e cujo atual titular é general de Brigada, vem sendo usado como um aparato de espionagem política para fins indevidos. Para corroborar sua acusação, entregou à OAB-RS um CD com gravações em áudio de conversas telefônicas entre o Chefe de Gabinete de Yeda, Ricardo Lied, e seu primo, o ex-presidente da Câmara de Lajeado, Márcio Klaus. As conversas existiram e o CD físico está de posse do presidente da OAB gaúcha. E, a partir destes fatos pontuais, tudo é inconclusivo.

O MP estadual, na figura do subprocurador geral de Justiça para Assuntos Institucionais Eduardo Veiga, declarou que as conversas gravadas são legais, tendo sido feitas sob ordem judicial. Complementando, o promotor do município de Lajeado, Pedro Rui da Fontoura Porto, declarou haver passado o CD para Paiani, “acreditando que ele ainda fosse ouvidor da Segurança”. Segundo este procurador, a entrega do material se deu dois dias após Paiani ter saído do cargo. Entendo ser esta versão no mínimo “complicada”, pois qualquer cidadão informado do RS sabia da exoneração. De sua parte, o ex-ouvidor desmente tudo, afirmando que a fala de Porto é manobra diversionista, pois sua fonte seria outra e está preservada. Resta saber de onde viria a tal manobra?

Da parte do Executivo, os últimos sinais também não foram de trégua. Na quarta-feira 11 de março, um dia após anunciar a exoneração do ouvidor Paiani, Yeda Crusius, em reunião almoço na entidade patronal Federasul, disse repudiar qualquer tentativa de golpe contra seu governo eleito democraticamente. Atribuiu a conspiração à ação conjunta da direita golpista e uma esquerda pseudo-revolucionária, cujo modus operandi seria a acusação sem provas e de maneira desrespeitosa. A governadora está com tom belicoso. Após admitir poder vir a tentar a reeleição, Yeda Crusius vai ter de se segurar no cargo, preparando-se para um longo e tortuoso ano pré-eleitoral.

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