A empresa petrolífera Chevron foi responsabilizada pelo vazamento de óleo na Bacia de Campos (RJ). Além das multas que ultrapassam R$ 300 milhões, a petroleira terá de bancar por um ano todo monitoramento da retirada do óleo da bacia fluminense. - Foto:Greenpeace
A empresa petrolífera Chevron foi responsabilizada pelo vazamento de óleo na Bacia de Campos (RJ). Além das multas que ultrapassam R$ 300 milhões, a petroleira terá de bancar por um ano todo monitoramento da retirada do óleo da bacia fluminense.
Foto:Greenpeace

06 de dezembro, da Vila Setembrina, Bruno Lima Rocha

O suposto “acidente” da empresa Chevron Corporation na bacia de Campos é mais um capítulo de um problema teórico com consequências práticas terríveis, e que justamente por isso poucas vezes vêm a público.

Já afirmei aqui nesta publicação antes e repito. Todo animal econômico com ausência de regras ou tolerância de procedimentos por parte da autoridade constituída tende a cumprir a máxima da “escolha racional”. Ou seja, diminuirá custos e maximizará ganhos, muitas vezes, operando no limite da inconsequência.

Completa o teorema a noção de que o gerencialismo atravessa a formação de agentes públicos, incluindo órgãos de regulação e fiscalização, levando à tendência de que o profissional a defender o interesse da coletividade confunda isso com a garantia da execução das empresas e seus contratos.

Infelizmente, as afirmações acima estão longe de serem fantasiosas e menos ainda mera coincidência.

Torna-se inevitável a comparação com o vazamento da British Petroleum no Golfo do México (abril de 2010), assim como outras “fatalidades”.

É preciso reconhecer que a indústria do combustível fóssil é marcada por fatos volumosos. Tudo no petróleo é grande e altera a vidas das pessoas, quando não a do planeta. Não apenas os acidentes são traumáticos, como o do petroleiro Exxon Valdez (da Exxon Mobil) na costa do Alaska, em março de 1989, assim como o afundamento da plataforma P 36, em março de 2001, abrindo uma ferida no apogeu das terceirizações de FHC, marcadas por metas para diminuição de custos.

Este não foi o único “acidente” grave e nem será o último. Petróleo é poder, é motivo para guerras e exploração de recursos naturais em escala sem precedente. É um trabalho cuja atividade não encaixa perfeitamente na lógica de desonerar o capital, otimizar lucros e diluir responsabilidades.

Não deveria haver espanto quanto aos erros de procedimentos. Estes podem ocorrer em qualquer atividade, ainda mais quando se trata de algo arriscado. Em sendo a Chevron, menos espanto ainda.

Como já foi difundida pelo mundo, a Chevron recebeu o prêmio de empresa mais poluidora, dado pela prestigiada revista online Alternet. Esta mesma transnacional fora responsável pelo “Chernobil da Amazônia”, dilacerando uma parte de floresta amazônica viva (entre 1972-1992) no Equador.

O problema é normativo. As grandes transnacionais do petróleo no ramo têm precedentes condenáveis. Fica muito difícil fiscalizar um empreendimento deste porte sem se colocar em uma situação de desconfiança permanente.

Este artigo foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *