Muricy não deu entrevista coletiva, mas a versão não confirmada circulou ainda assim. Perde-se uma grande chance para passar a limpo a banda podre do futebol brasileiro,              - Foto:Opopular.net
Muricy não deu entrevista coletiva, mas a versão não confirmada circulou ainda assim. Perde-se uma grande chance para passar a limpo a banda podre do futebol brasileiro,
Foto:Opopular.net

Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha

Muricy Ramalho pulou do barco – pelas ilações circulantes, ah se a moda pega!

Após ter demonstrado uma atitude rara no futebol brasileiro, quando negou o convite para ser o técnico da seleção em função de um contrato a ser cumprido junto ao clube das Larajeiras, Muricy Ramalho decepcionou ao deixar o comando do Fluminense. Após o empate sem gols no clássico contra o Flamengo, o treinador super-campeão pelo São Paulo anunciou que não era mais o técnico do tricolor carioca.

 

A decepção não esta na sua saída do clube, e sim a maneira como se deu o acontecimento. Muricy nem sequer foi para a coletiva após a partida. Ninguém tem a obrigação de trabalhar onde não se sente bem, mas deixar o atual campeão brasileiro na difícil situação que se encontra na Copa “Santander” Libertadores (3jogos e 2 pontos) parece um claro abando de barco.

Muricy Ramalho alegou que o motivo de sua saída seria pela falta de estrutura do clube “do pó de arroz”. Só para lembrar os leitores, quando o Fluminense foi campeão brasileiro a cerca de 4 meses, não houve nenhuma referência a esta mesma suposta falta de estrutura. A ilação possível para que o treinador deixe o cargo é outra. Supostamente ocorre o seguinte. Correm nos bastidores que Muricy estaria sendo pressionado a escalar jogadores que pertencem à patrocinadora do clube (Unimed). Se este fato é verdadeiro o treinador tem motivos de sobra para deixar o clube. Caso seja verdade, mais uma vez prova que é um sujeito correto embora turrão. Afinal, ninguém deixa de assumir a seleção para cumprir um contrato e menos ainda deixa este mesmo contrato – e ganhando invejáveis R$700 mil reais por mês – por convicções. È um erro alegar que falta estrutura noclube quando o motivo – se é existente e real – é outro. Afinal, se a moda pega, teria de haver uma debandada de treinadores de bancos e titulares escalados por patrocinadores, investidores, pelos próprios técnicos e outras “parcerias” de indecente trajetória.

Para o Muricy que sempre fala o que pensa, culpar a estrutura do clube parece estar cuspindo no prato em que comeu.

Quanta pilantragem

Onze clubes teriam acertado o valor das cotas de transmissão das próximas edições do Campeonato Brasileiro (2011,2012,2013) com a TV Globo. Embora somente o Grêmio admita o fato (o clube irá ganhar cerca de R$ 60 milhões por ano), Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Palmeiras, Corinthians, Santos, Cruzeiro, Goiás e Internacional já teriam um acerto verbal com a emissora da famiglia Marinho. Na ponta de cima das remunerações, um projeto de editar Real Madri e Barcelona tupiniquim, onde Flamengo e Corinthians ganhariam em torno de R$100 milhões por ano. Quando os clubes com maior torcida ganham mais, e por tanto com capacidade de retorno de investimento, está aberta a porteira para que nunca mais tenhamos um campeonato nivelado. A cartolagem poderia tentar indicar como os clubes pequenos e médios em escala nacional – mesmo que grandes em seus estados – sobreviverão na primeira divisão com cotas absurdamente menores? A idéia parece mesmo ser acabar com as chances reais de vitória dos clubes de menor expressão, concentrando riquezas e acumulando poder no eixo Rio São Paulo, e com ênfase nacional para o Parque São Jorge e a Gávea.

O futebol brasileiro cada vez mais esta indo para um caminho sem volta, o do quem paga mais leva. E ainda tem gente que acredita que a CPI da CBF vai resolver alguma coisa!

Mas… há bola também a rolar

No verdadeiro futebol, na essência do esporte bretão tudo vai bem obrigado, com a semana foi repleta de jogos com envergadura nacional ou latino-americana. Na Libertadores de América, o Cruzeiro segue goleando, fazendo 6 x 1 no Tolima da Colômbia. E ainda teve jornalista dizendo que o Tolima era um grande time, isto quando a equipe colombiana eliminou a turma do parque São Jorge. Jogando fora o Internacional não tomou conhecimento e também goleou o fraquíssimo boliviano Jorge Wilstermann por 4×1. Já o Grêmio ficou no 1×1 com a fraca equipe do León de Huánuco do Peru. O Peixe segue decepcionando, de técnico interino e com Paulo H. Ganso na linha, perdeu para o duríssimo Colo-Colo do Chile por 3×2 e complicou sua classificação as oitavas de final.

Na Copa do Brasil o Flamengo fez 3×0 no Fortaleza em pleno Castelão com bom público; e o Palmeiras 4 x0 Uberaba, com ambos eliminando o jogo da volta. Ipatinga e Avaí ficaram no 1×1, Brasiliense 0x0 Ceará, Sampaio Corrêa 3×2 Santo André e Paulista 0x1 Atlético – Pr.

Dijair Brilhantes é estudante de jornalismo e Bruno Lima Rocha é editor de Estratégia & Análise.

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