A luta contra as desigualdades sociais do Brasil também passa por ações no campo da educação, como a alfabetização de jovens e adultos. - Foto:carlayedieneuneb.blogspot
A luta contra as desigualdades sociais do Brasil também passa por ações no campo da educação, como a alfabetização de jovens e adultos.
Foto:carlayedieneuneb.blogspot

19 de novembro de 2011, do Rio de Janeiro, Alejandro Rubio

Estou entrando na metrópole. Costumo dizer que ela é igual a todas as outras, possuindo uma coroa cinza de poluição, ar pesado, trânsito lento, barulho, favelas, violência e muita pobreza. Faço uma reflexão: por que será que ainda existe tanta pobreza se o ser humano, a cada dia que passa, consegue produzir mais e mais riqueza? Aliás, segundo a economia, quanto mais produzimos, mais achamos que precisamos para existir. O pobre de hoje tem condições de vida da mesma forma que um nobre tinha há 300 anos. Mas minha reflexão anda por outros caminhos… Será que antigamente eles tinham uma vida melhor?

Falando das metrópoles latino-americanas, por que será que esta América tão rica tem filhos pobres? Antes da revolução industrial, a vida de cada família era de subsistência, onde cada grupo produzia seus alimentos, moradia, roupa e apenas fazia escambo do excedente, surgindo algumas profissões como sapateiro, médico, dentista, parteira, roupeiro e várias outras. Nada disso as deixava livres da fome, do frio e das injustiças muito comuns naquela época.

Na revolução industrial, as crianças a partir de seis anos eram colocadas para trabalhar em péssimas condições, chegando a completar turnos de 18 horas por dia nos sete dias da semana. O capital aparece e justifica as teses de Marx, o proletário deve se unir contra o demônio capitalista. Ao invés de termos benefícios com o emprego, o capital aumentou a diferença entres as classes sociais. A desagregação familiar foi outra consequência; muitas pessoas começaram a migrar sem sua família, visto que a indústria apenas oferecia alojamento para o trabalhador, deixando a família de fora. O êxodo cresceu de tal maneira que as cidades começaram a inchar desproporcionalmente, tornando-se o que conhecemos hoje.

Não há dúvida de que devemos impedir o avanço do capital em nome da ganância de poucos que chegaram ao poder por meios escusos. Todo tipo de injustiça se justifica, do trabalho escravo a manobras para deixar o pobre mais pobre. O arsenal da pessoa endinheirada passa pela manipulação das bolsas (onde o pobre coloca sua poupança na ilusão de ganhar um pouco, quando na realidade ela é usada pelos grandes para fins inconfessáveis), na exploração do trabalho escravo, a corrupção governamental e a imposição de regras de jogo que só beneficiam o grande capital.

Mas como o ser humano conseguiu diminuir a desigualdade? As profissões não diminuíram a pobreza, o emprego industrial menos ainda; o sindicalismo é uma mera cópia do capitalismo, no qual o sindicalista para de ajudar seus colegas por montanhas de dinheiro; e as revoluções de esquerda mudaram o foco para o totalitarismo ou para a destruição sistemática das fontes de produção. A grande resposta para essa pergunta é simples: estudo, capacitação, aprendizado.

Na idade média, apenas os nobres, os altos funcionários públicos e os religiosos aprendiam a ler. Após o descobrimento de América e com a invenção de imprensa por Gutemberg, os livros passaram a ser mais difundidos, mas ainda muito caros e poucos os podiam ler. O povo não sabia ler!

Na alvorada do século 20, quando chegamos per fare l`America, encontramos casa, comida e educação, ainda que muito precária, mas em uma base mais firme da que se tinha na Europa faminta. Por aqui não vemos o problema que eles possuem até hoje: falta de espaço para crescer e plantar. Esforços gigantescos foram feitos, baseados na teoria aprovada por Dom Pedro I de que governar é povoar, e que o imigrante trazia sua experiência em trabalho, sua vontade de progredir e um componente importante: muitos deles já eram na sua terra professores e vieram para aqui ensinando o que já sabiam, adaptando o seu conhecimento à nova pátria.

O livro que ainda era raro por aqui começou a ser produzido em escala industrial. Foram criadas bibliotecas públicas, foi dado incentivo ao plantio de árvores para a produção de papel e a importação de maquinários para indústria gráfica foi desonerada. E o mais importante: com poucos recursos, foi iniciada a tarefa da formação de professores, que tanto benefícios trouxe a todos. O conhecimento liberta e a leitura é a fonte do conhecimento.

Nenhum povo sem preparo e sem cultura consegue aprimorar sua vida. Na minha juventude, o terceiro mundo era composto pela América Latina, Ásia e África. Sabemos que os asiáticos investiram pesadamente em educação e hoje estão no primeiro mundo.

O que será que nos falta por aqui?

* Alejandro Rubio ama os livros e trabalha em um Sebo.

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