Ao redor do Estado, existem oligopólios políticos e econômicos que sobrevivem a custo dos recursos públicos. Quem quiser se juntar aos “bons” terá de apostar alto em diversas forças políticas, quantas vezes for necessário. - Foto:Blog da Cidadania
Ao redor do Estado, existem oligopólios políticos e econômicos que sobrevivem a custo dos recursos públicos. Quem quiser se juntar aos “bons” terá de apostar alto em diversas forças políticas, quantas vezes for necessário.
Foto:Blog da Cidadania

12 de julho, Bruno Lima Rocha

Um pouco de teoria não faz mal a ninguém e ajuda a compreender nosso país. Estudos de máfia e da chamada economia bandida, típicos do espanto mundial diante da globalização transnacional capitalista nos apontam elos de força para o modus operandi da acumulação ilegal.

Recorrendo a minha outra área de estudo, trago a categoria que descreve a expansão dos empreendimentos na China idealizada por Deng Xiao Ping. Deng gritou para os súditos: “enriqueçam” e isto ajudará a liberar as forças produtivas de mais valia a todo custo.

Dentro deste universo cultural, a categoria-chave é o chamado nexo político-criminal. Ao que parece, no Brasil, a forma de que uma empresa nova rompa um oligopólio historicamente constituído como o da construção civil e grandes obras públicas, também é esta.

Para evitar mais incômodos legais, me atenho ao plano teórico, não sendo necessária muita imaginação para fazer a analogia. Imaginemos uma pessoa jurídica com ascensão meteórica, campeã nacional de contratos com o Estado, em distintos níveis de governo. Esta empresa aposta em todos os cavalos possíveis, não distinguindo legenda ou fidelidade partidária. Encara a relação dos titulares em exercício do poder executivo como uma network a ser tratada de forma proativa.

Ou seja, investe em pretensos candidatos ou já em governos constituídos esperando uma alta taxa de retorno, por dentro e por fora, com ou sem rubrica. Até aí nenhuma novidade, pois esta suposta empreiteira opera como as demais de dimensão nacional.

Bem, em se provando as conjecturas difundidas pela cobertura política, o nexo se daria na relação com um elemento-chave, flutuando entre a legalidade de fachada e o fornecimento de dinheiro com duvidosa origem e em fluxo contínuo.

Para este sucesso, entra em campo uma relação óbvia, embora inconfessável. Como só por dentro do aparelho de Estado a concorrência é grande, é preciso complementar a ação sistemática com operadores políticos consagrados (de arautos da moralidade a controversos governadores), espionagem política clássica (gravando evidências contra os sócios) e negócios diversificados, onde o caixa oficial (alimentado através de contratos de governo) se confunde com jorros de dinheiro de origem duvidosa.

Este é o nexo político-criminal revelado nesta empreitada de negociantes arrivistas, curiosamente composto de campeões nacionais em negócios de Estado!
Infelizmente, nada disso é necessariamente novo e tampouco será o último caso sobre o qual escreveremos laudas sem fim.

Texto publicado originalmente no Blog do Noblat.

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