A campanha do título de 2012 teve direito à provocação sobre Muricy - Foto:lancenet.com.br
A campanha do título de 2012 teve direito à provocação sobre Muricy
Foto:lancenet.com.br

19 de novembro, Anderson Santos, Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha

O Brasileirão ainda não acabou, mas com três rodadas de antecedência já tinha o campeão – e faltando duas, com quase tudo resolvido. O Fluminense conquistou seu quarto titulo brasileiro com folga. O futebol do qualificado (orçamento mais que engordado pela Unimed) elenco carioca passou por oscilações, isso era visível ao ver os jogos, mas “quase” sempre conseguiu os resultados.

Um dos motivos do sucesso apontados por parte da crítica esportiva se dá pela qualidade do grupo de jogadores, pelas “peças” de reposição, oferecidas ao competente técnico Abel Braga. O banco de reservas das Laranjeiras tem jogadores cobiçadíssimos por grande parte dos clubes brasileiros.

O elenco “pó de arroz” é de custo elevadíssimo, mas grande parte dos jogadores e a comissão técnica são bancadas pela “parceria” (associação comercial) com a Unimed. Uma “parceria de sucesso” (dentro das 4 linhas, era preciso conferir o balanço financeiro da mesma) até o momento, já que dos últimos três Campeonatos Brasileiros, o Fluminense venceu dois.

O time de guerreiros

A história que muitos de nós já se acostumou a ler e a escutar, especialmente quando um grande está na zona de rebaixamento: “O Fluminense de 2009 tinha 98% de chances de cair e não caiu”.

Mesmo com estrelas do porte de Fred no elenco e todo o apoio tão comentado da seguradora de saúde, o Flu nadava a rápidas braçadas para o rebaixamento no nacional de 2009, com todo o tipo de piada possível, principalmente porque o clube acabou pulando uma divisão do futebol nacional em 2000.

Lembrando a virada de mesa esta deu por conta das confusões envolvendo a Justiça, a realização da Copa João Havelange pelo Clube dos 13 – este finado – fez com que o tricolor carioca, que vencera a Série C(!) em 1999, disputasse o equivalente à primeira divisão nacional no ano seguinte, não saindo de lá até então. Times como América-MG e Bahia seguiram o clube na divisão de acima, mas ambos voltaram, pelo futebol; parando até mesmo na terceira divisão nacional. O Flu seguiu.

E seguiu com a “dívida”, porque contrariou todos os matemáticos e empatando com o Coritiba fora de casa na última rodada se manteve na primeira divisão. O “time de guerreiros” enaltecido pela torcida durante aquela última parte do campeonato seguiu com sua base, melhorando em outras partes e vencendo.

Na edição de 2010, venceu o Guarani e se sagrou campeão brasileiro daquele ano, com Conca e Deco no meio-campo, e Washington e Fred como possibilidades no ataque. O time que cairia no ano anterior, era campeão no ano seguinte.

Os naufrágios na Libertadores

Em 2011, durante a campanha na Libertadores, o então técnico Muricy Ramalho, pediu demissão do clube. O treinador alegou falta de estrutura para trabalhar e que até ratos havia nas Laranjeiras. O mesmo treinador que recusara a seleção brasileira “por não quebrar contratos”, quebrava um deles com um argumento nada convincente – como prova entrevista recente, em que disse que no futebol mais importa o elenco que a estrutura (vai entender…).

Na mesma Taça Libertadores, Muricy foi para o Santos, com Neymar, Ganso e companhia e acabou sagrando-se campeão. O Santos de hoje não assusta ninguém, apesar de ter o maior jogador brasileiro na atualidade. A equipe santista não apresenta bom futebol, dando a impressão de que o técnico perdeu a “formula” do sucesso, ou os ratos foram com Muricy Ramalho para a Vila Belmiro.

Esperando por Abel Braga, que só seria liberado de um clube árabe meses depois, o Fluminense passou de fase, mas foi eliminado pelo paraguaio Libertad (time este que tem a m[a fama de ser apadrinhado pelo euricão da Conmebol, Nicolas Leoz) logo em seguida, ficando mais de duas semanas parado porque também havia sido eliminado no Campeonato Carioca.

Classificado em terceiro lugar no Brasileiro passado, o Flu disputou a Libertadores deste ano a partir da fase de grupos – já que o segundo, o Vasco, havia ganhado a vaga direta pela Copa do Brasil. O time das Laranjeiras começou muito bem o torneio, com a melhor campanha da primeira fase, em que venceu 5 vezes e perdeu apenas uma, para o Boca, mas no Engenhão – após ter vencido na Bombonera por 2 a 1.

As oitavas de final o reservaram o pior time classificado, o brasileiro Internacional. 0 a 0 no primeiro jogo e vitória de 2 a 1 no segundo garantiram a classificação para as quartas de final, onde voltaria a enfrentar o Boca Juniors. No primeiro jogo, derrota por 1 a 0 com um jogador a menos desde o início; na volta, apesar de muita pressão e gol logo aos 17 minutos da etapa inicial, sofreu um gol aos 45 do segundo tempo de um time que mostrou mais camisa que elenco no torneio.

Título inquestionável

Mesmo na Libertadores, o time seguia vencendo no Brasileiro e isso acabou sendo importante para o que viria a ser o título do campeonato. Enquanto o Atlético-MG serviu de “cavalo paraguaio”, muito graças às atuações de Ronaldinho Gaúcho, o Flu o seguia de perto até dar o bote na hora certa. Assim que pegou a liderança, não largou mais, mesmo com o Galo mineiro com um jogo a menos por muito tempo – o que sempre atrapalha…

A campanha do time carioca mostra que o título foi inquestionável, embora os concorrentes aleguem que houve muitos erros de arbitragem a favor do Fluminense. Fazer o que se vivemos um campeonato nacional que os árbitros apareceram mais do que deveriam e mais do que a média dos últimos anos?

Os números da campanha são a prova do merecimento. Dos trinta e cinco jogos disputados até o título, o tricolor carioca perdeu apenas quatro, sendo que uma para o vice-líder Grêmio, outra para o atual terceiro colocado Atlético, a última, esta sim complicada, para o Alético-GO em casa e o carimbo na faixa no fim de semana pelo Cruzeiro. Foram vinte e duas vitórias, um incrível aproveitamento de 72%. Mais o melhor ataque, com direito ao artilheiro, até agora, da competição, Fred (19 gols); e a melhor defesa.

Com ótimas atuações de Diego Cavalieri, disparado o melhor goleiro da competição, do meia Jean e do já veterano Fred – para não falar de Gum, Wellington Nem e demais que merecem destaque e foram comandados por Abel Braga – o Fluminense chegou ao seu quarto título nacional (1970, 1984, 2010 e 2012) com números que evitam qualquer questionamento.

O Fluminense parece ter aprendido a formula do sucesso do campeonato de pontos corridos, assim como ocorreu com o São Paulo tricampeão brasileiro – com Muricy Ramalho -, na década passada. Recursos, padrão de jogo, dois elencos (banco forte e com jogadores de reposição à altura) e, porque não, um tapetão afiado e presente.

Com ratos ou sem eles, o torcedor do Fluminense termina 2012 com mais uma taça no armário e com os merecidos parabéns.

Enquanto isso, no canteiro de obras do Parque Antarctica (ops, Palestra Itália)…

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