O tapetão do STF, a ser definido pelo voto do ausente Sepúlveda Pertence, pode estar gerando uma crise inédita entre os poderes da república. Na medida que o Congresso veja seu processo de auto-punição barrado pela Justiça, considerando que o STF tem equivalência na Suprema Corte menemista de Luiz Inácio, estão dadas as condições para o impasse político e jurídico.

Vale lembrar que este governo só está de pé porque as forças sociais que poderiam derrubá-lo, são as mesmas que com todas as críticas e ponderações, ajudaram a eleger Luiz Inácio e José Dirceu. Como se sabe, Palocci embarcou na campanha e Meirelles foi eleito quando da viagem de Lula já eleito para a capital da América Latina, Washington D.C.

A reprovação ao Congresso, a Suprema Corte (STF menemista) e o próprio centro de governo eleito deu vazão a consigna na Argentina e Equador:

Que se vayan todos!

No Equador a coisa é tão séria que já derrubaram 3 governos eleitos, mas que realizaram o famoso estelionato eleitoral. Na Bolívia, a Justiça em grande parte inexiste e está refém da reforma constitucional, que por sinal condiciona as futuras eleições, o que pode gerar uma ruptura única num país tão conturbado como este.

Voltando às comemorações de José Dirceu na companhia de Roseana Sarney, dentre outros, o voto de Sepúlveda deve estar sendo mais do que ponderado. O Planalto em peso, com Lula à frente, deve estar torcendo para Dirceu seja condenado e levado a cassação em plenário. PFL e PSDB apostam no quanto pior melhor, com os brados de Artur Virgílio proclamando o levante tucano-liberal.

O que se passa na mente de Sepúlveda Pertence é um desafio para qualquer lado ou campo da “ciência” política. Sejam institucionalistas ou culturalistas, adeptos da engenharia ou da estrutura dos poderes de fato, incluindo aí os constituídos. Os cálculos na mente desse homem, o ator político individual mais relevante da conjuntura, na companhia de Palocci, são algo que beira entre o sofisticado e o absurdo. Sofisticação para jogar com um sem número de variáveis, todas elas terminando com a palavra crise. Absurdos por saber que pode estar empurrando de vez o frágil relacionamento entre as instituições para um abismo casuísta.

Pobre ministro de salário milionário. Jamais em sã consciência pensara em ter sob a sua caneta a solução para um dos maiores entreveros políticos desde a posse que não houve de Tancredo Neves. Por sinal, a raposa mineira fora eleita por voto indireto em 1985, e pelo mesmo Congresso que agora está emparedado.

Durma-se com um barulho desses presidente.

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