Terminado o discurso de defesa de José Dirceu, passam para a lista de oradores para a defesa ou o ataque. Uma das teses levantadas, é a crise através da democracia midiática. Com alguma razão, é verdade, mas totalmente compreensível.

Vivemos uma crise onde a Globo se isenta da pauleira, fazendo claramente jogo duplo. Enquanto o jornal O Globo ataca veementemente o governo de Luiz Inácio, a TV abre flancos e emite matérias no Jornal Nacional cuja linha para ser compreendida deve ser objeto de estudo de especialistas da comunicação política.

Esta crise é midiática, mas a Veja e os Civita não são o equivalente a Cisneros na Venezuela. Falta um elemento de análise aí. O elemento que falta é a população organizada; em geral, sob formas de tecido social reconstruído. Para ironia da história, a democracia midiática tem seu resultado sob votação secreta no parlamento eleito.

Oscila entre a interpretação do direito e a intenção política o destino de Dirceu. Uma dúvida é se há necessidade ou não de provas materiais para o processo político. Mabel abriu este precedente, e na esteira do homem dos doces, vem o ex-Primeiro Ministro.

As provas materiais não constam dos autos do processo do STF. Constam sim em centenas de páginas publicadas, armando-se uma teia onde a conclusão indireta é a culpabilidade de Dirceu. Discute-se se há ou não provas materiais, sendo que as mesmas existem como prática corrente da política do Parlamento e do Executivo brasileiro.

Para Civita tornar-se um Cisneros, precisaria haver um governo reformista e popular. O governo de Meirelles e Palocci não é uma coisa nem outra.

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