A “inexorabilidade” de um sistema está justo em ter sua estrutura intrínseca e fundamental entreverada. Não é possível, segundo nosso humilde mas firme ponto de vista, separar, dentro da análise da sociedade real, o ideológico do político e do econômico.

Vejamos o caso do ex-governador Antônio Britto. Derrotado nas urnas por Olívio, foi para a reciclagem em faculdade privada. Simultaneamente, ocupa um cargo como Head-CEO, diretor-presidente de um dos cinco maiores grupos econômicos do setor calçadista do mundo. Não por coincidência, este homem passa pela empresa majoritária das comunicações, é deputado federal e ministro de Estado até chegar a governar o Rio Grande.

Ajuda, doa, ou tira dos cofres públicos o que pode e o que não pôde para eneficiar a grandes grupos econômicos. Desalojado do Piratini por uma ínfima diferença de votos, termina por concluir seu trabalho. Muda a função mas segue ocupando posto executivo chave da estrutura de classes.

São Sebastião do Caí chora seus 800 demitidos da segunda fábrica da Azaléia a fechar naquele município somente este ano. Mais um pavio aceso para a bomba-relógio social que se vai formando no Vale dos Sinos e no Vale do Caí. O C-4 é composto de bilhetes azuis no território gaúcho com mais de 1 milhão de desempregados.

Não estamos insinuando que estes operários demitidos vão incorporar uma mentalidade transformadora da sociedade, longe disso. Décadas de conluio e boas relações patronais não levam a isso. Mas, que é difícil para uma sociedade baseada no valor trabalho conviver com a falta deste, ah isso é.

Embora seja brilhante, não precisamos assistir filmes de Michael Moore narrando a desgraça social instaurada com o fechamento de uma planta da GM no cinturão metalúrgico de Detroit. Basta ver a obra de grandes administradores públicos, reciclados em diretores de empresas e veremos que nesta obra, não há final feliz.

O artigo que publico amanhã no Noblat com modéstia e firmeza, trata de mais esta tragédia industrial. Boa leitura, e que venham as críticas.

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