No texto se tenta traçar um paralelo entre a intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão nos anos 80, os atentados ao WTC e a invasão do Iraque.

Introdução
Este texto foi produzido como trabalho de encerramento do curso de Estratégia de Comunicação e Política realizado na Unisinos e promovido pelo Cepos – Grupo de Pesquisa Estudos de Comunicação, Economia, Política e Sociedade, no ano de 2008. A intenção do trabalho era desenvolver o senso critico e a prática analítica dos alunos, ao mesmo tempo em que criar um hábito da escrita. Como tema da análise foi escolhido a situação do Oriente Médio e seus vários desdobramentos. Os alunos contribuíram com textos completos e que seguem sintetizados a seguir:

Nova York, 11 de setembro de 2001
8:45 horário local.
Para perplexidade de todos um avião choca-se violentamente com a torre sul do WTC, ponto neurálgico do mundo econômico um dos símbolos do capitalismo mundial. No conjunto de prédios funcionavam todos os tipos de serviços particulares e públicos. Inclusive escritórios do Serviço Secreto dos EUA, da agência de inteligência (CIA) entre hotéis, restaurante e todo tipo de escritório particular.
Num primeiro momento, este fato não teria a muita importância, afinal, acidentes aéreos acontecem em qualquer parte do mundo. As pessoas assistem cenas do desastre pela televisão, quando um segundo avião choca-se com a torre norte, transformando o ponto de impacto numa imensa bola de fogo. Para quem não estava entendendo nada, ou achava se tratar de um acidente normal, deixou de ter duvidas: o WTC era um objetivo, era um alvo, era um ataque! Era uma guerra.
Mas essa guerra não havia começado naquele instante. A guerra que agora havia chagado ao território dos Estados Unidos havia começado muito antes. Pode se dizer que começou com a concretização da hegemonia deste pais logo após a Segunda Guerra Mundial, quando seus governantes viram, por seu bem, obrigados a aumentar sua força de influência no oriente médio e passaram a promover atentados e golpes sempre tendo em mente que para uma potência se manter deveria ter sob sua influência as principais fontes de energia.
Alguns daqueles países que foram estratégicos para um enfrentamento indireto durante a Guerra Fria acabaram por tornarem-se inimigos. O Iraque havia sido o braço do “Ocidente” na guerra Iran-Iraque, com financiamento militar dos EUA. O Afeganistão havia sido palco de batalha entre as forças militares da URSS e a resistência afgani.
Os protagonistas dos atentados ao WTC eram herdeiros diretos dessa intervenção norte-americana. Para ser mais específico, são filhos da intervenção promovida na guerra do Afeganistão, quando este país foi invadido. O discurso de ambos os lados, URSS e EUA eram parecidos e já batidos, “libertar e democratizar”. A área era de extrema importância para os comunistas, visto que sua extensão territorial se expandiria a ponto de chegar à China. E para os Estados Unidos barrar essa expansão era primordial.
Essa intervenção se deu de forma indireta, através de ações secretas da CIA, impulsionadas por interesses políticos intrínsecos à sociedade estadounidense daquela época, grupos integristas foram apoiados e incentivados a formar voluntários “afganis”, resistência formada basicamente por seguidores do Islã de diversos países como Argélia e Egito. Para lutar contra as tropas soviéticas, financiando, portanto, uma resistência contra a ocupação estrangeira no Afeganistão. Tentou-se, no entanto, por parte dos EUA, dar a esse ato belicoso um caráter de “Guerra Santa”, do bem contra o mal. Essa guerra também serviu para evidenciar ainda mais a força da política do Integrismo junto à população mais pobre e mais disposta a mudar sua situação

Pós 11 de setembro
A partir dos atentados de 11 de setembro de 2001 às torres do World Trade Center (WTC) e ao Pentágono, os EUA começaram uma “cruzada contra o terrorismo”; desde então, transformaram os islâmicos em “os grandes vilões da história” – os terroristas. Para isso, deixou seu país em constante medo da ameaça islâmica. Fez com que sua população ficasse amedrontada com a possibilidade de novos atentados, mudando até mesmo alguns hábitos; e também aumentando o nacionalismo estadunidense e a xenofobia aos árabes. Esse medo fez com que os norte-americanos confiassem em seu governo para protegê-los, dando “carta branca” (sem questionar posicionamentos e ações) para fazer o que for necessário para combater esse “mau”. Carta branca essa que tolheu até mesmo a liberdade dos próprios estadunidenses, com políticas de migração e Estado de Sítios, que fere o Estado de direito dos cidadãos.
Vemos que essa “cruzada” para acabar com o terrorismo no mundo e com a tirania existente em alguns países do oriente médio, não tem somente o interesse de combater o terrorismo e levar a “democracia” aquela região do mundo, mas também tem interesse político, econômico e cultural. Os EUA sendo o principal consumidor de petróleo e o oriente médio sendo o maior detentor dessa matriz energética, os norte-americanos querem assegurar a sua parte nesse quinhão. Também sempre lembrando e nunca esquecendo que o petróleo serve de matéria-prima para inúmeros produtos.
Comungamos juntamente com vários analistas, a idéia de que os atentados de 11/09 foram “positivos” (até onde se pode utilizar essa palavra) para os EUA, pois eles o utilizaram como “desculpa” para fazer uma ofensiva bélica fortíssima contra alguns países do Oriente Médio, em especial o Iraque. Pois o governo norte-americano não se preocupou muito com o Afeganistão, mesmo sabendo que Bin Laden e seu grupo poderiam estar por lá. E por que uma ofensiva bélica? Para que(m) fazer uma guerra? Por que Bush iria querer uma guerra durante o seu governo? Creio que uma das respostas dessas indagações, seria fomentar a indústria bélica, pois é um setor que movimenta grandes quantias mundialmente e os EUA são um dos principais fabricantes de armas do mundo. E, diga-se de passagem, a indústria armamentista foi um setor que investiu (economicamente) bastante na campanha eleitoral de Bush.
Para essa ofensiva ter força e ser legítima perante a comunidade internacional, os EUA tiveram que chamar alguns países aliados (que somente os são quando convém aos EUA e ao seus interesses de manutenção de sua hegemonia no quadro político-econômico global), como a Inglaterra e a Espanha, para junto com seus “amiguinhos“ poder invadir o Iraque. Invasão essa, feita sob a acusação do governo desse país possuir armas de destruição em massa. Hoje já ficou provado que isso não era verdade.
Por fim, essa análise de fatos atuais do cenário geopolítico mundial, tem a modesta intenção de chamar atenção para o fato de os EUA “toparem tudo” por petróleo e pela manutenção de sua hegemonia no mundo. De aliar-se com antigos inimigos a fazer guerras baseadas em mentiras e falsas acusações. Assim, ele reafirma a sua potência e superioridade, mesmo sabendo que talvez essas investidas podem não ser vitoriosas, mas que trarão ganhos futuros superiores (instalação de grandes corporações nessa região) às perdas (vidas de soldados) que se terá (além das que já teve).

Mídia e Medo
Guerras começam e terminam sem ao menos consultar ao povo. Pessoas entregam suas vidas em uma disputa de interesses econômicos, cegos de que o motivo é coerente a ponto de valer suas vidas. Os fatos políticos diariamente são manchete nas mídias impressas e eletrônicas. As edições que vemos, lemos e ouvimos não são fatos, são fragmentos de acontecimentos que nos permitiram saber, impostas sem ao menos pedir licença ao nosso intelecto, limitando ou simplesmente direcionando nossa opinião sobre tal fato ocorrido.
Exemplo disso é a guerra no Iraque. A guerra foi uma intervenção com a desculpa de tirar do poder o ditador Saddam Hussein. A forma para convencimento da população foi a existência de armas de destruição em massa. Os reais motivos para o conflito foi o interesse dos Estados Unidos na reserva de petróleo do Iraque, um dos principais produtores de petróleo no mundo.
A manipulação do medo da população norte americana foi fator essencial para a concretização da política do governo Bush para a região do Oriente Médio. E para a instauração desse medo a mídia foi a ferramenta certa para o trabalho.
Por isso a necessidade de buscar explicações para os fatos políticos e econômicos que afetam nossa vida diariamente é importante. Saber se uma declaração dos governantes e políticos é verdade, e não apenas um factóide criado por eles para desviar a atenção de uma ação mais impactante a população. Por isso, é preciso fazer questionamentos e buscar as respostas.

Jose Luiz Trindade
Kátia Carolina Meurer Azambuja
Fabiano da Silva Trindade
Kelly Betina Veronez
Mateus Tiago Führ Müller
Organização:
Fabiano da Silva Trindade

Bibliografia:

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FARES, Seme Taleb: “O Pragmatismo do Petróleo: as relações entre o Brasil e o Iraque – Revista Brasileira de Política Internacional.
BIANCHI, Álvaro: Os neocruzados: a guerra no Afeganistão e a nova ordem mundial. http://www.revistaoutubro.com.br/edicoes/06/out6_04.pdf
ROCHA, Bruno Lima: Análise geral a partir do atentado contra o WTC e o pentágono http://www.estrategiaeanalise.com.br/teoria.php?seltitulo=26005c98d870997e5e7b3540881c3132
FAHRENHEIT 9/11; MOORE, Michel – Dog Eat Dog/ Wild Bunch – 2004.
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DELMAS-MARTY, Mireille. Três Desafios para um Direito Mundial. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

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ALLARD, Julie e GARAPON, Antoine. Os juízes na Mundialização. Lisboa: Instituto Piaget, 2005.
CECEÑA, Ana Esther; SADER, Emir: A Guerra Infinita – Rio de Janeiro – 2002.
SYRIANA; Stephen Gaghan – EUA – Warner Brothers – 2005.

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