Por Bruno Lima Rocha, 07 de janeiro de 2016

Clementino Lopes é um veterano militante socialista, advogado que defende incansavelmente o direito dos trabalhadores, fundador do Partido dos Trabalhadores e a referência militante no Rio Grande do Sul na frente de luta da radiodifusão comunitária, sendo fundador tanto da Abraço-RS como da Abraço Nacional. Temos muita liberdade para entrar em temas polêmicos e insisto que gente como ele empresta a legitimidade para um partido que, ao menos no campo da esquerda, está bastante fragilizado (para não afirmar noções mais drásticas). Neste breve debate –  autorizada por Clementino a sua publicação  – fiz poucas perguntas mais para saber sua posição. Assim, inauguramos esta seção do blog e espero que seja um espaço franco, fraterno, sem sectarismos e com respeito mútuo. Eis o debate:

Bruno: Companheiro, falta opinião pública de gente como tu a respeito da atual condução de governo.  Clementino, tu é uma voz lúcida e ainda radical dentro do PT. O que acha que vai acontecer (na saída de crise do impeachment e após a vitória no STF e a saída de Joaquim Levy)? Como deve se comportar o MST e a Via neste embate?

Clementino: Bruno, me alinho na posição de que o MST a Via e demais movimentos, inclusive, a CUT terão de comprometer o Governo com a mudança na politica econômica assumindo as pautas sociais no mínimo o programa de campanha.

Bruno: E sinceramente tu entendes que isso deve ocorrer?

Clementino: Sinceramente tenho dúvidas. Ela (Dilma) está emparedada; sinto que o PT – mesmo o chamado Campo Majoritário – quer salvar o Partido e isso vai pesar.

Bruno: E o que pensas das últimas ações do governo?

Clementino: Bruno o que penso das ultimas ações do Governo?  Penso que os movimentos organizados, sindical, movimentos sociais e os partidos à esquerda que dão sustentação ao governo, fizeram a sua parte indo pra rua e o governo vai ter que responder no mínimo pela pauta que se comprometeu na campanha. A mudança de ministro foi um bom sinal, mas terá que mudar a politica. A própria CUT está condicionando o apoio. Não poderá haver uma segunda chance. Chega dos trabalhadores pagarem a conta. A pauta da reforma agrária terá que ser retomada pelo governo, perda de direitos nem pensar. Terá que responder sobre o monopólio da mídia também.

Bruno: E qual seria a condição de pressão das bases sociais sobre o governo?

Clementino: Não vejo outra senão as ruas. Vejo a pressão nas instâncias do PT indispensável afinal é o principal partido de sustentação.  Neste período de recesso os parlamentares vão levar uma carga e isso chega ao Governo. Todos os seguimentos do PT estão conscientes ou o Governo muda o rumo ou não terá saída. Sinto uma mudança muito grande na opinião das pessoas favorável ao Governo principalmente em relação à Dilma e isso se os movimentos acertarem poderão levar milhares às ruas e as mudanças acontecerem. Mas se o Governo persistir no erro de só negociar no campo institucionalidade não haverá outra chance.

 

 

 

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