11 de janeiro de 2016, Bruno Lima Rocha
Mauricio Macri está literalmente brincando com fogo como explica Atílio Boron no artigo aqui, postado em Alainet. Não há como citar a Boron sem fazer uma série de críticas, sem compará-lo ao Emir Sader do kirchnerismo e isso não é nenhum elogio. Nas contendas entre Boron e Sader na Clacso, a vitória do segundo não implicou em mudança substantiva senão em disputa pelo hegemonismo dentro da esquerda ainda reformista. Digo isso para que algum desavisado não me julgue por kirchnerista ou algo assemelhado.
Mas, na Argentina que tanto queremos e faz parte de nossa imaginação permanente – como não amar a Argentina e como não odiar a pátria financeira, a pátria contratista e o patriciado portenho? Como não odiar profundamente o atual mandatário mesmo sabendo que os dois adversários não eram necessariamente melhores? O ex-prefeito de Buenos Aires e ex-presidente do Boca Juniors está limpando a indústria da comunicação do país Hermano e tocando onde não se toca.
Víctor Hugo Morales é um uruguaio radicado no outro lado do charco com nome de Rio da Prata há décadas, Estava na Rádio Continental desde 1987, conduzindo o programa La Mañana além de atuar como locutor e comentarista esportivo, tem ares de literato e é um verdadeiro operário da palavra. Este patrimônio cultural da argentina contemporânea, com momentos inesquecíveis em todo o Continente, por pressões dos neoliberais que ganharam no voto na pátria de Rodolfo Walsh, está fora do ar.
Segue o link para uma passagem absolutamente dramática da locução futebolística da Argentina (2 x 1 contra Inglaterra, na locução dos dois gols de Maradona) , pela voz de Víctor Hugo Morales, interpretando a alma de milhões de latino-americanos. Diego não é cem por cento reivindicável, tampouco Morales e menos ainda os adeptos da linha K, Boron incluído. Mas, que o pituco portenho tenha em conta, não se mexe assim com o imaginário das pessoas comuns, menos ainda na Argentina. Fernando de la Rúa deve estar saudando o novo-velho presidente.
LINK PARA A LOCUÇÃO DE VÍCTOR HUGO MORALES