Roberto Marinho se engajou em várias campanhas políticas, sendo a maior delas a vitória do golpe militar de 1º de abril de 2010. - Foto:fjsantacruz
Roberto Marinho se engajou em várias campanhas políticas, sendo a maior delas a vitória do golpe militar de 1º de abril de 2010.
Foto:fjsantacruz

13 de outubro de 2010 – Vila Setembrina dos Farrapos traídos em Ponche Verde e por latifundiários assassinos que entregaram os Lanceiros Negros. Entrevista com Bruno Lima Rocha para o IHU

A mídia como fator decisivo nas eleições 2010. Entrevista especial com Bruno Lima Rocha “O bombardeio midiático foi determinante para o segundo turno”, afirmou o cientista político Bruno Lima Rocha em entrevista à IHU On-Line, por telefone. Segundo ele, o caso sobre a quebra de sigilo fiscal e bancário envolvendo José Serra e sua filha foi uma notícia requentada, além disso, existiu um acordo conceitual entre os quatro grandes grupos de mídia durante as eleições. “A revista Veja lançava, a Folha de São Paulo aprofundava e a Rede Globo replicava”, ressalta. Bruno também fala sobre a decisão do jornal O Estado de São Paulo em declarar apoio ao candidato tucano, o fator “lulismo” na campanha petista, entre outros assuntos.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O primeiro turno de 2006 foi considerado apático, insosso. Como o senhor caracterizaria esse primeiro turno?

Bruno Lima Rocha – É bom lembrar que no primeiro turno de 2006 tínhamos um candidato de parte do PSDB pouco conhecido, que era Geraldo Alckmin e existiam dois fatos políticos que foram fornecidos pelo governo, os quais foram muito bem trabalhados pela mídia, de modo a alimentar a oposição tucana. Estes fatos foram a operação do setor inteligente do PT, a quem o Lula apelidou de “aloprados” e de “organizações tabajara”, e o contraponto do acidente da TAM, no aeroporto de Congonhas, em 2006, onde havia uma responsabilidade direta do governo. Isto abriu margem para os desmandos causando a criação do movimento “Cansei”. Foi isso que agitou o primeiro turno de 2006.

Desta vez, a leitura que eu faço é que todo o fator preponderante da política tem origem multicausal, qualquer um que chega e diz “o que determina as condições da disputa do poder é isto e aquilo” está totalmente equivocado. Este ano, o que aconteceu foi que a campanha ficou ausente das ruas. Eu sempre falo que no Sul é diferente, mas nunca tinha visto tanta militância paga nas ruas e a tendência é que isso cresça cada vez mais. O diferencial houve nos grandes comícios na unidade popular puxados por Tarso Genro, mas foi um pequeno diferencial.

O que, de fato, agitou essa campanha foi a troca de linha de conduta na campanha do José Serra, onde ele que apenas escutava o executivo de sua campanha, seu marqueteiro, parou de tentar criar uma imagem de “Serra, paz e amor” e “Depois de Lula vem o Zé”, passando a atacar, a subordinar, e a recriar os fantasmas supostamente ditos do autoritarismo, do ideologismo. Isso ocorre em qualquer partido, mas o PT tem essa brecha, ainda mais depois do mensalão.

Neste aspecto, temos um papel preponderante dos quatro maiores grupos de mídia do Brasil. Não foi por um milagre divino que a família Mesquita tomou uma posição publicamente, definindo em editorial do Estadão o apoio ao candidato Serra, alegando debate de fundo moral, conservador, com a finalidade de evitar o mal maior. A revista Veja, por exemplo, que sempre tenta dar primeiro algum furo jornalístico, tenta em cima de um dossiê de espionagem política. Depois veio a história da quebra de sigilo fiscal e bancário de Serra e familiares. Esta foi uma notícia requentada, porque o fato inédito foi de abril de 2009, revisto em setembro do mesmo ano. Declara-se, então, uma guerra midiática, isso porque a revista Carta Capital aponta na edição nº 613 um contraponto do caso, afirmando que Verônica Serra, que teria sido vítima de quebra de sigilo, teria sido operadora de quebra de sigilo junto com a irmã de Daniel Dantas. Essa capa foi solenemente ignorada.

A partir disto, tanto a oposição tucana quanto os quatro maiores grupos de mídia vêm com tudo e a candidatura de Dilma flerta uma reação ao ganhar um pequeno espaço no Terra Magazine, onde foi realizada uma entrevista de uma hora e meia com o presidente Lula. Já no comício, Lula pregou a liberdade de imprensa misturando este valor com liberdade de empresa. A animação dessa campanha vem muito mais pela criação de fatos midiáticos. Quanto mais forte for o critério de noticiabilidade de uma matéria, mais surge como necessário existir uma opção de gaveta, caso a matéria seja furada por alguém. Entretanto, neste aspecto, existiu um acordo conceitual entre os quatro grandes grupos de mídia durante as eleições. Enquanto um furava a campanha inteira, outro batia e outro replicava, ou seja, a revista Veja lançava, a Folha de São Paulo aprofundava e a Rede Globo replicava.

Este período também foi mais agitado devido à ausência de militantes, de um bloco de poder definido em função das alianças duvidosas do governo Lula, não existindo uma real motivação de ir para rua, de defender o governo, de defender uma candidatura “de esquerda”. Não houve nada disso, mas, sim, uma direita muito raivosa, comportando-se como a União Democrática Nacional (UDN) e a Força Aérea se portara durante o governo de Jucelino Kubitschek. Comparações histórias são esdrúxulas, mas o problema era entre um governo melhorista, muito vinculado a um setor do capital nacional e ao setor bancário, contra uma dobradinha de um fragmento das elites que vieram desde a época da Ditadura Militar, os Democratas (DEM) e seus aliados históricos, o racha peemedebista que cria o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 1988.

IHU On-Line – O que foi determinante para o segundo turno?

Bruno Lima Rocha – O bombardeio midiático foi determinante para o segundo turno, mas isso não significa que não houve fatos denunciados, o problema foi a abordagem. Não vou ser cínico para falar que todo mundo sai de Brasília desconhecendo termos como o acompanhamento do processo da chamada taxa de urgência e taxa de sucesso. A taxa de urgência é algo ilegal, é quando alguém “molha a mão” de algum burocrata para o processo avançar, isso é crime. Já a taxa de sucesso é o seguinte: Vamos supor que eu tenho um escritório de acompanhamento de processos de Brasília e eu sou contratado por um cliente para tentar ganhar uma licitação. O que o cliente fala é que “se você conseguir o contrato, além dos teus honorários eu vou pagar 5% em cima do contrato”. Foi exatamente isto que aconteceu, o problema é que isso se caracteriza no Brasil como tráfico de influência, enquanto em outros países isto é legal. Isso é um absurdo, mas só ocorreu porque os governos federal, estadual e municipal estão recheados de cargos de confiança, não havendo uma lei rígida que impeça certas coisas. Se tivéssemos no Brasil uma lei de nepotismo, nada disso aconteceria.

O que percebo é que a história da Casa Civil foi repercutida além do seu grau de ineditismo sendo que isso ocorre sistematicamente. Desta vez, os tucanos, a partir do comando de José Serra, foram mais ousados que a média e por isso eles conseguiram bagunçar as campanhas. Eles colocaram a bomba no colo da Dilma, assim como tentaram colocar no colo do Lula durante oito anos e não conseguiram.

IHU On-Line – Podemos dizer que, no caso de Dilma, o "lulismo" substituiu os programas?

Bruno Lima Rocha – Sim, o “lulismo” é uma relação de empatia, onde existe vínculo direto entre o líder carismático popular, que fala a língua do povo, que tem origens humildes e conseguiu o “equilíbrio” de distribuir um pouco de renda sem alterar nada da estrutura de poder. O Lula é um verdadeiro equilibrista, pois distribuiu renda pelo país, criou uma política industrial, e ao mesmo tempo, os bancos e o agronegócio nunca faturaram tanto, o Brasil tem índices de crescimento absurdos, talvez tenha uma política que a gente possa chamar de melhorista na Ciência Política. Lulismo é isto e o Lula pegou uma carona nas idéias de Getúlio Vargas, do próprio Josef Stálin, o pai dos pobres. Se o presidente Lula é o pai, associa-se Dilma Rousseff como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Bolsa Família também é um grande programa, mas ao mesmo tempo não traz nenhuma novidade.

O governo Sueco de 1931, por exemplo, fez o Bolsa Família deles, quando a Suécia era o país recordista de lutas sindicais da Europa, quando distribuíram uma renda mínima e garantiram para os sociais democratas 30% de voto, mais ou menos. O problema é que os opinólogos brasileiros não estudam isto, ficam só na “chutometria”, eles se preocupam a respeito das aparências, se a Dilma está gorda, magra, se o cabelo dela está quadrado ou não. Não que a estética não seja importante, mas estes profissionais se perderam ao apostar tudo na estética, esvaziando os conteúdos. Ninguém falou as palavras mágicas: “Se o Serra ganhar ele vai privatizar”, ou seja, eles bateram muito pouco. Com isto, o PT chegou ao ponto de não agitar as eleições como deveria, apostando que iriam ganhar as eleições na empatia e agora estão levando o segundo turno na cabeça. Como linha de campanha, eu digo: bem feito. Quem mandou o governo ficar oito anos sem distribuir o poder midiático no país? Tanto o governo atual como o anterior têm profundos problemas de conduta, isto é sabido. A emenda da reeleição, por exemplo, teve como operador o ex-ministro das Comunicações, Sérgio Motta, compondo um escândalo enorme. Não sou eu que estou falando, é a Folha de São Paulo, ou agora quando a Folha fala contra o PSDB vale, mas quando fala contra o PT não?

IHU On-Line – Como o senhor interpreta o papel da grande mídia nessas eleições até o momento. Ela teve influência nos resultados?

Bruno Lima Rocha – Teve, a grande mídia pautou a campanha. É impossível fazer política sem mídia, impossível. Não existe essa história de fazer política através da popularidade, na relação do líder com o seu povo ou com os aparelhos de Estado. Os postos de saúde, as escolas, as repartições públicas podem reproduzir uma linha acima da mídia, mas será uma influência mínima. Tanto Lula quanto Dilma, ou seja, o primeiro escalão do PT, estão apavorados com o poder midiático, eles têm medo de apanhar como apanharam em 1989. Enquanto não houver uma divisão do poder midiático no Brasil em nível nacional, nos estados e nas microrregiões, vai ser muito difícil governar sem uma base de aliança corrupta, oligárquica, clientelista. Será difícil, senão impossível.

IHU On-Line – A chamada mídia alternativa e as redes sociais constituíram-se de fato em um contraponto às grandes corporações da mídia?

Bruno Lima Rocha – Aquele slogan que foi cunhado como conceito de Partido da Imprensa Golpista (PIG), foi produzido por quem hoje lidera a mídia alternativa, que é justamente o Partido da Imprensa Governista (PIG2), que tem um poder muito menor. Desta forma, não temos o impacto político da chamada mídia alternativa na produção de conteúdo, oferecendo visões de mundo distintas e com independência de classe. Para complicar mais, a internet no Brasil é uma internet de superficialidades. O Brasil, assim como a América Latina como um todo, tem sua juventude atravessada pela internet, sendo que no ano retrasado alcançamos a marca de que 85% dos usuários latino-americanos navegam através de sites de relacionamentos e redes sociais.

Aqui na Unisinos, através de pesquisa do Grupo Cepos, fizemos uma medição entre os estudantes secundaristas da Feitoria, e bateu que 93% das pessoas que utilizam a internet todos os dias a usam basicamente para as redes sociais. Com esta realidade, como que se difunde e trafega a postura de um candidato? Estamos muito distantes de uma compreensão e essa distância não vai aprofundar de jeito nenhum da forma que está. Nós teríamos que ter uma política pública, vinda do caixa da União para implantar no Brasil os três sistemas de comunicação previstos na Constituição: o privado já está mais que desenvolvido e se alimenta das verbas de publicidade dos três níveis de governo e não precisa de mais; já o estatal com a vocação educativa está esvaziado e em crise de missão; e o sistema público não-estatal, com vocação de mídia alternativa, necessita de políticas públicas para se desenvolver.

Se continuarmos desta forma vai ser muito difícil brigarmos contra o ponto de vista que venha dos maiores produtores de conteúdo, embora a internet seja, para as minorias organizadas, ainda uma boa alternativa. A mídia corporativa quer bloquear certas idéias de forma sistemática, negociada e proposital, como foi o caso aqui no Rio Grande do Sul com o empréstimo junto ao Banco Mundial. Neste caso, as versões contrárias não foram vinculadas. Se a mídia quiser bloquear algo eles bloqueiam, como na Operação Castelo de Areia, que ficou dois meses virando nas gavetas das redações.

IHU On-Line – O que significa a decisão do jornal O Estado de S.Paulo em optar por uma candidatura?

Bruno Lima Rocha – Vejo esta atitude como sendo de grande importância, porque acaba com a premissa oculta. É muito salutar todo grupo de mídia, empresa jornalística ou grupos de comunicação explicitar o seu condicionamento em relação às candidaturas e também especificar a sua linha editorial. Se os conglomerados midiáticos explicitarem essa oposição para o leitor; o receptor e os oponentes midiáticos e políticos não ficarão adivinhando seu posicionamento, diminuindo, desta forma, a confusão entre liberdade de imprensa e liberdade de empresa. O Estadão pode sim fazer isso, chega uma hora que tem que se admitir o que se quer e a quem apoiar.

IHU On-Line – Pela primeira vez, desde as eleições diretas, o RS elegeu seu governador em primeiro turno. O que isso significa?

Bruno Lima Rocha – O primeiro fator que aponto foi o elevado índice de rejeição do governo Yeda Crusius. A maior parte do eleitorado optou por deixar existir nenhum risco de um prolongamento do governo Yeda. O segundo é o fato de que na interna do PT está cada vez menos explícito o que havia de corrente de esquerda. Efetivamente não há proposta de esquerda clássica junto ao grupo político de Tarso Genro. Além de auto-escantear o que resta de “esquerda” dentro do PT gaúcho, eu me recordo que muito antes já se cogitava pelos operadores políticos do Tarso, algumas variantes ou um diálogo com o senador Paulo Paim e uma aproximação pacificada com o ex-governador Olívio Dutra. Isso também tem um quê de casuísmo, porque, antes da definição da Unidade Popular, que revigora a tese da Frente Popular aqui do Rio Grande do Sul, a tese de 1998, antes de isso tudo ocorrer, o PT estava flertando com o PTB.

A confusão era para ser maior. Em 2008, para concorrer à prefeitura de Porto Alegre, o Eliseu Padilha fez uma aproximação escancarada com a Manuela D’Ávila. Nenhuma eleição estadual no Brasil, nem no Rio Grande do Sul, é coesa. Tem prefeito que rompe com sua orientação partidária e apoiando outros, como foi o caso do ex-governador Alceu Collares, que vai contra a orientação do partido do PDT e apóia escancaradamente Tarso Genro. Isso esvazia a centro-direita e também gera uma composição de rejeição ao governo Yeda. A situação indefinida foi o brete onde se metera o ex-prefeito de Porto Alegre pelo PPS, que tentou construir um discurso de terceira posição. Na verdade, José Fogaça, em dobradinha com Pompeo de Mattos do PDT, tentou criar uma terceira posição de tipo midiática, porque pragmaticamente as três propostas, em termos estruturais, não se diferenciam tanto. Estar na terceira posição com um discurso lavado é muito difícil e talvez a campanha do Tarso tenha acertado eleitoralmente, no sentido de ter mais voto, na hora de ter sido muito propositivo. Essa tese se encaixa muito bem no Rio Grande do Sul, que é um estado com ética no trabalho, mas muito conservador.

IHU On-Line – Dilma e Serra chegam ao segundo turno com propostas econômicas muito parecidas. Podemos considerá-los socialdemocratas? O que isso indica sobre eles?

Bruno Lima Rocha – O PT, quando ganhou estabilidade, se expôs para fora do Brasil como um grande partido socialdemocrata. É o mesmo universo onde existe partidos enormes como o PSOE, da Espanha, as legendas socialistas italianas Itália, os PSs da França e Portugal, e a social-democracia dos países escandinavos. Hoje o PT é isso, uma legenda socialdemocrata e muito distante do antagonismo de classe. Já o PSDB é um partido liberal com nome de socialdemocrata, e o DEM é o legítimo herdeiro da União Democrática Nacional, é um partido neoliberal convicto e opera como dobradinha. Entra como o que mais ataca, mordendo, enquanto o PSDB assopra. Enfim, não vejo o PSDB como um partido socialdemocrata, embora o seu nome assim o diga. E, mesmo dentro do PT não é vigente uma socialdemocracia clássica, onde existe alta carga impositiva visando distribuição de renda que garanta o Estado de bem-estar. Aqui a fórmula está subordinada às regras do jogo bancário. Na Europa ocidental isso ocorre também, mas lá o serviço público funciona. Em países onde o Estado de bem-estar é governado pela socialdemocracia, as pessoas pagam imposto e tem retorno nos serviços públicos, com a saúde de qualidade, o transporte público de qualidade, as garantias dos direitos individuais e coletivos. Sendo esse o parâmetro, não podemos afirmar que o PSDB seja socialdemocrata, seria um absurdo conceitual. Esta tradição política hoje é do PT.

IHU On-Line – Que temas foram esquecidos nas eleições 2010?

Bruno Lima Rocha – Muitos temas foram esquecidos, como a democratização da mídia, a reforma agrária, a crítica do modelo agroexportador. A pauta que todo mundo fala, mas ninguém quer entrar é a da reforma política. Porque sem uma legislatura exclusiva, fazer reforma da política profissional com um Congresso no meio de mandato é impossível, isso é impossível. Nenhum político de carreira é doido o bastante para limitar seu próprio poder e diminuir seus recursos no exercício do mandato. Outro fator que destaco como ocultado ou esquecido na campanha é a o da privatização. Embora a capacidade de intervenção do serviço público no Brasil tenha aumentado, ainda existe muita terceirização, contratos emergenciais ou de consultorias e essa vergonha das PPPs, as Parcerias Público Privadas, onde o Estado ainda diminui a margem de risco do capital através de um fundo garantidor. Existe ainda muita falta de responsabilidade do Estado para com os direitos do cidadão e o modelo de se financiar a máquina pública através de endividamento e financeirização é um tema censurado, proibido tanto pelos candidatos favoritos como pela mídia corporativa e comercial.

Esta entrevista foi originalmente publicada no portal do Instituto Humanitas Unisinos

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