Como resposta ao pensionazo e dos acordos de elite para acabar com o Estado de Bem Estar social, o sindicalismo alternativo, como o organizado pela CGT, convoca para o dia 27 de janeiro jornadas de protesto visando acumular forças para outra(s) greve(s) geral(is). A movida que recém começa pode entrar em uma escalada de intensidade na Península.  - Foto:cgt.org
Como resposta ao pensionazo e dos acordos de elite para acabar com o Estado de Bem Estar social, o sindicalismo alternativo, como o organizado pela CGT, convoca para o dia 27 de janeiro jornadas de protesto visando acumular forças para outra(s) greve(s) geral(is). A movida que recém começa pode entrar em uma escalada de intensidade na Península.
Foto:cgt.org

27 de janeiro de 2011, primeira redação realizada entre Donostia y Hernani – Euskal Herria, Bruno Lima Rocha

Estou na Espanha a trabalho e pude constatar, através dos meios de comunicação e conversando com acadêmicos e militantes sindicais, o tamanho do buraco onde este país foi metido através das “aventuras” da banca oficial jogando e apostando nos capitais de risco. A solução que vem da comissão econômica da União Européia (UE), do FMI e dos Estados-líderes não é boa para a maior parte do povo que habita a Península. A receita implicaria em aumentar a idade mínima para a aposentadoria (costurando o acórdão dos 67 anos); diminuir a ajuda do seguro-desemprego (reduzindo-o de 426 euros para 350); enxugamento da máquina pública em todos os níveis, com especial atenção para a redução dos orçamentos dos governos sub-nacionais, mirando nos gastos e endividamento das autonomias, batendo duro naquelas com pretensões nacionalistas como Catalunha, País Basco e Galícia; tudo isto sem falar em medidas privatizadoras e os acordos coletivos para a redução de salários. Esta última já ocorreu em Portugal, com os salários de servidores públicos reduzindo-se em 10%, sendo aprovada goela abaixo da classe trabalhadora e sem uma resposta a altura.

A festa acabou e quem irá apagar as luzes será o segundo governo de Zapatero, primeiro ministro do PSOE – um partido outrora social-democrata, mas no momento, quando muito, um síndico dos desígnios da União Européia. As correlações de forças são relativamente simples de descrever. Alemanha e França põem no caixa comum da UE os fundos mais substanciais. Na Espanha em particular bancaram a festa do crescimento e da distribuição de renda – direta e indireta – num ciclo expansivo que tem como ano zero 1992 – Olimpíadas de Barcelona – e não sendo mais interrompido até o final do inverno de 2009. Segundo Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, o Estado Espanhol demorou a reconhecer os problemas e tardou mais ainda em começar a apertar o cinto de suas contas públicas.

Aquilo que aparece como “crise” é de fato o reflexo da maior transferência de renda da história da humanidade, saindo do pagador de última de instância (os fundos dos Estados) e indo tapar o buraco dos bancos com pouca liquidez. O dinheiro que jorrava para gastos de todos os tipos, alimentando a bolha imobiliária, endividou a população e elevou as margens de lucro de bancos e empreiteiras a níveis inimagináveis. Agora, a “solução” apresentada como luz no fim do túnel é recessão, conformidade com o desemprego e aumento da precariedade no mundo do trabalho. A tensão social vai recomeçar.

Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat

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