Reproduzo aqui os dados apurados pelo jornal Valor Econômico, pela repórter Maria Lúcia Delgado, da sucursal de Brasília. O título da matéria é “CPI encontra indício de dinheiro público”. Vejamos primeiro os dados:

“ Auditoria realizada pelo próprio BB nos contratos publicitários apontou que

foram feitas antecipações de pagamento do banco à DNA Propaganda em 2003 e

2004, vindos do aporte financeiro feito pelo banco no Fundo Emissor da

Visanet, no total de R$ 73.851.356,18. Além de um banco público pagar

antecipadamente a uma única agência de publicidade, a atual diretoria de

marketing do BB confirmou ontem à CPI que a DNA recebeu R$ 9,1 milhões em

2004 sem que tivesse prestado serviços correspondentes. Em nota, o BB

informou que tomou as medidas judiciais cabíveis para receber da agência.

As regras do BB para pagamento de serviços publicitários mudaram em

setembro de 2004. Em 14 de julho deste ano, Henrique Pizzolato aposentou-se

e deixou o BB.

O BB, como outras instituições financeiras, é acionista da Visanet. O banco

é responsável por autorizações de repasses a agências de publicidade. Nos

anos de 2003 e 2004, o BB passou a autorizar os repasses apenas para a DNA,

e antecipados. A CPI conseguiu rastrear toda a operação. A Visanet

repassou, por ordem do BB, R$ 35 milhões à DNA em março de 2004. Três dias

depois, a DNA aplicou R$ 34.867.000,00 no próprio BB, em fundo DI. Um mês

depois, a DNA faz uma transferência de aproximadamente R$ 10 milhões (via

TED) para o BMG e aplica esses recursos em CDB. Dois dias depois, o BMG

concede empréstimo no mesmo valor à empresa do sócio de Marcos Valério

(Rogério Tolentino e Associados Ltda), cuja garantia de aval é a aplicação

financeira feita em CDB. Ou seja, Marcos Valério teria usado o dinheiro do

BB (para o qual não há prestação de serviço como contrapartida) e repassado

ao PT em forma de empréstimo, feito no BMG.”

De uma forma prática, a inferência é uma. Encontraram parte do caminho do dinheiro, dos empréstimos sem fim, onde o BMG, Rural e as pessoas jurídicas de Marcos Valério lavam e taxam uma parte do desvio de verba pública. O estrago é grande, mas não é nenhuma novidade. Os bancos em geral lavam a 30% de taxa em cima o dinheiro volátil, digital, que circula mundo afora. A inovação é o fato desta verba sair diretamente dos cofres da maior instituição bancária brasileira. O BB, ao invés de financiar a produção e o micro-crédito, colabora no espólio do patrimônio nacional. O único detalhe, é que o esquema Visanet é um consórcio, ou seja, tem mais instituições bancárias envolvidas. Foi apenas o BB? Seguramente que não.

A lavanderia Visanet – DNA – PT pode acabar por levantar uma enorme teia financeira. Os bancos que mais lucraram com concessões de governo seriam o alvo lógico de qualquer investigação isenta. Exemplo, o Bradesco é o operador do Banco Postal, correto? Porque não o BB que tem a maior rede bancária do país? Ou seja, o Bradesco é alvo, lógico, mas não político. O mais triste de tudo, é que a PF tem delegacia especializada para isso, sem falar no sistema COAF e o próprio CADE. E nada se apura; e quando se apura, não pune ninguém. Esse processo anda porque tem 3 CPIs bufando na nuca.

Se fosse uma investigação policial como corresponde na lei, pobre dos federais encarregados dela. Iam morrer de úlcera e cegos. Úlcera pelas demandas do trabalho sob pressão governamental e cegueira de tanto ler números sem fim. Como é uma investigação e julgamento político, a úlcera pode chegar ao Núcleo Duro de Lula, ou mesmo ao governo de fato de Meirelles e Palocci.

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