Bruno Lima Rocha (@estanalise) – agosto 2022
A corja empresarial golpista foi alvo de operação da Polícia Federal – em 23 de agosto de 2022 – autorizada e a pedido do ministro do STF Alexandre de Moraes. Por um lado, é relevante ver algum grau de repressão jurídica contra essa laia, não por acaso, recheada de sionistas convictos, como Meyer Joseph Nigri (Tecnisa) e José Isaac Peres (Multiplan). Ah, como sempre, tem um libanês no meio queimando o filme dos apoiadores da Palestina, a exemplo de José Koury (Barra World Shopping). Nesta corja tem de tudo, de dono de cadeia de restaurante metido a grã fino ao onipresente importador Luciano Hang (que atende pela alcunha de Verme da Havan).
O problema de fundo é outro. Tudo foi feito às claras, pela rede social, e não se tratava sequer de um grupo criptografado. Excelente apuração e reportagem de Guilherme Amado (portal Metrópoles), um baita jornalista que sequer pode ser denominado “de esquerda”. Daí estamos diante de um impasse da “democracia liberal”.
Do jeito que a maré está, e na caminhada inexorável rumo ao “centro” da política, o mundo deu tanta volta que o pato está meio alucinado. A FIESP defende combate a fome, hortas urbanas, cozinha solidária e uma política nacional de preços ao consumidor. Já a garantia das liberdades democráticas é feita por um ex-procurador linha dura de São Paulo, admirado na barra pesada das polícias paulistas e nomeado ao Supremo pelo governo golpista de Michel Temer.
O imobilismo social é o inverso da mobilização nas redes, e deveria ao menos ser uma proporção disso. A cultura política brasileira é inversamente proporcional ao drama social da maioria. Enquanto a social-democracia aposta tudo nas eleições, os movimentos populares vão a reboque da nova linha que vem do norte hegemônico, tendo no STF (o mesmo que apoiou o golpe de 2016, com o Supremo com tudo) e na parcela liberal do PIG seus porta-vozes. O marechal Henrique Lott, foi o militar de alta patente que deu o golpe preventivo e garantiu a posse de JK. Na hora de retribuir, nove anos depois, o ex-presidente do PSD mineiro apoiou o golpe de 1964, apostando de forma amoral que poderia ganhar no voto a eleição sob tutela da milicada e da CIA. O JK de agora pode se chamar Família Marinho.
A própria Globo parece que tomou um curso intensivo com Barack Obama e Hillary Clinton. Esta empresa apoiou o golpe de 2016, não perturbou Bolsonaro na eleição sob ameaça militar de 2018, assim como foi o esteio da conspiração pró-ditadura desde 1961 e mesmo em 1954 na crise que leva ao suicídio de Vargas. Não custa lembrar que a embaixada dos U$A não apoia virada de mesa e vai punir o empresariado que aderir à uma aventura político-militar.
E por esquerda, quais caminhos estão abertos no curto prazo para ganhar fôlego e ir além de uma campanha antifascista?!
O Coiso na Rede Bobo e o republicanismo da ex-esquerda
Bolsonaro no Jornal Nacional (2a, 22/08/22) não foi posto contra a parede no modelo econômico e sequer foi lembrado que antes da pandemia, a gestão de Paulo Guedes à frente do Super Ministério da Economia atendia pela alcunha de “Pibinho e Dolão”. O tema mais candente foi abordado de maneira parcial, como o desgoverno negacionista durante o auge da pandemia, nos anos de 2020 e 2021.
Mas o calor do momento é a alegação de “acordo e pacificação” de Bolsonaro, a extrema direita e o alto comando das Forças Armadas junto ao Supremo e TSE. Na mesma semana, a do fatídico 24 de agosto (o de 1954), a PF pediu autorização direta ao STF para montar uma operação contra o empresariado publicamente golpista, após a excelente reportagem já citada.
O poder aquisitivo dos conspiradores diletantes, dos boca aberta que falam em nome de golpe mas jamais arriscariam sua integridade física e o antecedente de 07 de setembro de 2021 nos avisa que há algum risco real e imediato.
Infelizmente, vale reforçar, a dianteira do contra golpe é dada por uma instituição – o Supremo – e um ministro do STF – o Alexandre de Moraes – que corroboraram o governo golpista de Michel Temer assim como se rebaixaram diante das duas ameaças do então comandante geral do Exército, Eduardo Villas-Bôas.
Ao ameaçar o STF, o voto “segundo a colegailidade” – deu 6 a 5 – era o lavar as mãos da ministra Rosa Weber negando o habeas corpus ao ex-presidente Lula. Luiz Inácio, de sua parte, jamais convocou a mobilização popular e apostou na resiliência legalista. A ex-esquerda é a única força realmente republicana no Brasil.
Repito, estamos em uma analogia com a eleição de 1955, já saímos de 1954 ao menos – um longo ciclo iniciado no segundo turno de 2014. Não há base de mobilização popular, a social-democracia centraliza todas as expectativas no jogo eleitoral e certamente se ganha, não leva como um todo, pois vai montar a maioria com o mesmo Centrão de sempre, buscando os votos comprados por Bolsonaro através do orçamento secreto comandado pelo coronel Arthur Lira.