Por Bruno Lima Rocha – Conter a fúria e a sanha dos bancos é uma das formas contemporâneas de luta de classes. De nada adianta aumentar a carga tributária sobre o andar de cima se estes recursos forem para a caixa comum para bater meta de superávit. Os três maiores bancos privados atuando aqui manipulam abertamente a taxa do dólar, garantem maioria no Copom e determinam a base para o maior faturamento bancário do planeta. Insisto: combater os ganhos astronômicos do capital financeiro e diminuir o custo da dívida na relação dívida PIB – chegando a 70% desde a retomada da alta da Selic em 2013 – é uma forma direta de luta de classes. Óbvio que o governismo da ex-esquerda vai tentar inverter isso para um alinhamento com os cartéis nacionais e a tucanada vai justificar a entrada de mais capital volátil como “solução”.
Na luta política feita debaixo para cima, aumentar as margens de manobra de um povo forte é diminuir os espaços de quase auto governo do agente econômico que quer os recursos coletivos através do Estado para eles e somente para eles. Daí estas propostas assassinas de reduções de programas sociais ou a canalhice de afirmar que o salário faz pressão inflacionária e onera o rombo do Estado. Na edição da última quarta, 30, o Jornal Nacional teve a capacidade de colocar a fala de um monetarista com diploma de economia (em economia política é que não é, duvido esse cara aprovar num curso de Paulo Timm), que atende por Raul Velloso e este teve a cara de pau de afirmar que a renegociação da dívida dos estados com a União iria aumentar as medidas de austeridade. Só esqueceu de dizer que o conjunto desta dívida, já paga ao menos 26 vezes, incide em cerca de 1,4 por cento do conjunto da dívida da União e disso depende os salários e as condições básicas dos serviços públicos estaduais.
Os tubarões do mercado financeiro, os cartéis nacionais e transnacionais vão sempre contar com seus papagaios e os especialistas midiatizados. Tivéssemos uma mídia popular forte e este jogo virava, garanto que sim.